A mobilização dos servidores municipais está muito próxima de decretar a primeira grande derrota do prefeito Lucas Sanches (PL), há pouco mais de quatro meses no cargo. Apesar de garantir que não poderia dar mais do que 2% de reajuste, o chefe do Executivo se viu acuado diante de um movimento grevista, iniciado na última segunda-feira, e que tomou um corpo jamais esperado pelo Governo.
Desta forma, depois de ter sua imagem exposta como um “traidor”, apontado em cartazes como “mentiroso”, Lucas se abateu bastante nesta quinta-feira, um dia após se manifestar nas redes sociais pedindo a compreensão dos servidores municipais. O discurso não teve efeito prático. Ao contrário, motivou ainda mais a categoria comandada, desta vez, com maestria pelo STAP (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública).
Convencido de que poderá sair perdedor na audiência de conciliação marcada para a próxima segunda-feira pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, Lucas teria dado ordens aos secretários envolvidos com o tema para apresentarem até esta sexta-feira uma proposta que faça com que os servidores voltem ao trabalho imediatamente, segundo apurou o GWeb junto a altas fontes do Bom Clima.
A proposta que seria apresentada nesta sexta-feira ou até mesmo na audiência de conciliação seria de 1% a mais neste momento – ou seja, 3% imediatamente -, além de outros 2% até o final do ano, chegando próximo aos 5,47% da inflação acumulada nos últimos 12 meses.
Vale lembrar que o governo Lucas conseguiu aprovar junto a sua base na Câmara o reajuste de apenas 2% com o voto de 23 vereadores. Duas propostas alternativas foram rejeitadas. Primeiro, uma proposta feita pelo vereador Maurício Guti (Mobiliza) que garantiria pelo menos os 5,47% da inflação. Depois a maioria também reprovou uma emenda dos vereadores de esquerda, que pediu 8% de reajuste.
Caso Lucas volte atrás e reconsidere sua decisão, o discurso de que não dispunha de recursos usados até agora cairá por terra e pode demonstrar que ele tinha condições de oferecer um índice melhor. Talvez, o governo – segundo analistas políticos – tenha apostado na fragilidade do movimento sindical, que caiu em descrédito nos últimos anos. Sendo assim, o STAP sairá deste embate amplamente fortalecido, já que conseguiu uma mobilização só vista em Guarulhos na gestão do ex-prefeito Sebastião Almeida (então no PT), durante as reivindicações sobre o RJU (Regime Jurídico Único).