Em um debate virtual na sexta-feira, 26, o presidente argentino, Alberto Fernández, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defenderam o Estado forte, união da América Latina e o restabelecimento de seus organismos multilaterais para lidar com um cenário pós-pandemia. Os dois exaltaram políticas que "priorizam a vida, e não a economia", como única alternativa para superar a crise, um lema que Fernández repete desde os primeiros casos na Argentina.
O debate virtual foi promovido pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires (UBA), onde o presidente argentino foi professor, com o objetivo de discutir o futuro da América Latina após a pandemia. Também participaram da live o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, a jurista da Universidade Federal do Rio de Janeiro Carol Proner e o ministro da Educação da Argentina, Nicolás Trotta.
Pouco antes do evento virtual, Fernández anunciou o endurecimento das medidas de confinamento em Buenos Aires e periferia, de 1º a 17 de julho, diante do aumento de contágios de covid-19 nos últimos dias. "Vamos voltar a fechar a área metropolitana de Buenos Aires, para que a circulação diminua drasticamente, para reduzir os contágios e a demanda por leitos", disse o presidente, em mensagem gravada.
A decisão vem em meio a um crescimento nos contágios, com 1.167 mortes e 52.444 casos confirmados. A ocupação de leitos de UTI atingiu 54% na Região Metropolitana da capital, onde vivem 14 milhões de pessoas, quase um terço da população do país de 44 milhões de habitantes. Em outras províncias argentinas o isolamento social já foi relaxado.
Falando de São Paulo, Lula lembrou as relações de seu governo com outros líderes de esquerda e as iniciativas para a criação e o fortalecimento de organismos regionais. Um deles é a Unasul – o Brasil deixou o bloco, por iniciativa de Jair Bolsonaro, em abril de 2019.
"O que vai salvar a América Latina depois dessa pandemia é uma palavra: democracia. Precisamos recuperar a democracia na América Latina, porque um Estado eleito forte cuida do seu povo. O mercado não resolve nada, o mercado só cuida do seu umbigo. Quem cuida do povo é o Estado", disse Lula.
Depois de saudar e elogiar Lula, Fernández lembrou que o visitou na prisão em Curitiba e agora espera recebê-lo na Casa Rosada. Em sua fala, o argentino também defendeu o papel mais ativo do Estado na crise. "Nada é mais importante que a vida, que a saúde da população. Mas há alguns que acreditam que o mais importante são os negócios. É um falso dilema perguntar se queremos escolher entre a vida e a economia", afirmou Fernández.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>