O príncipe Philip teve atuação fundamental na condução das crises da família real, ao lado da rainha Elizabeth, mas tecnicamente sua morte não muda os papéis a serem exercidos daqui para frente. Confira os principais trecho da entrevista com Elena Woodacre, historiadora na Universidade de Winchester especializada em monarquias.
<b>Por que Philip foi tão importante como marido consorte?</b>
Philip foi o marido consorte mais longevo neste país. E essa longevidade dedicada aos serviços reais foi o que o tornou tão importante. Ele não tinha nenhuma obrigação constitucional como marido da rainha, mas dedicou a vida para serviços de caridade, compromissos públicos e apoio à rainha.
<b>Qual é o impacto da morte de Philip para a família real?</b>
É claro a grande perda pessoal de um marido, pai, avô e bisavô. Como o príncipe Philip já havia se afastado dos deveres reais nos últimos anos, o impacto no funcionamento do dia-a-dia da família real será menor. No entanto, sua morte deixa outras cerca de 700 organizações das quais ele era patrono ou patrocinador sem alguém nesse papel importante.
<b>A forma de a família real lidar com crises deve mudar?</b>
Deve haver um impacto em como a família real lidará com as próximas crises uma vez que Philip sempre se envolvia profundamente como chefe da família ao lado da rainha e tinha um papel importante em conduzir a família pelas dificuldades. Não ter suas opiniões, pensamentos e ideias em como a família real deve seguir adiante e lidar com mudanças circunstanciais pode ter um impacto importante na família no futuro.
<b>Sua morte afeta o papel do príncipe Charles?</b>
A morte do príncipe Philip não afeta de forma direta o título do príncipe Charles, claro, mas o torna o homem mais velho da família real agora e isso lhe trará mais responsabilidades. Ele também pode ter de assumir o papel de patrono ou patrocinador de algumas caridades e interesses do pai. Mas acredito que ele e outros integrantes da família já começaram a fazer isso quando o duque de Edimburgo se afastou dos deveres reais públicos nos últimos anos.
<b>Pensando em compromissos e vida públicos, o que sua morte muda para a rainha?</b>
Tecnicamente nada muda para a rainha em termos de seu papel e posição. A rainha Vitória passou a maior parte de seu reinado sendo viúva, embora tenha se afastado por muito tempo dos olhos do público após a morte do príncipe Albert. Ainda é incerto se a rainha vai se afastar dos deveres públicos, seja temporariamente durante um período de luto ou por um tempo maior como a rainha Vitória. No entanto, a rainha sempre teve de forma intrínseca o senso de dever e serviço, acredito que ela continuará desempenhando seu papel enquanto estiver apta, dada sua idade.
<b>Qual é a importância do príncipe William agora? Algo mudou?</b>
Tecnicamente a morte do príncipe Philip não faz diferença para os papéis e títulos do resto da família real, é a morte da rainha que afetará isso. No entanto, William pode ser chamado a preencher um buraco se a rainha decidir participar de menos eventos públicos por conta do luto. Os integrantes mais jovens da família já assumiram mais protagonismo desde que o príncipe Philip se aposentou nos últimos anos e em razão da pandemia, já que a rainha não pode mais participar de tantos compromissos públicos e fica parcialmente em quarentena no palácio de Windsor. Acredito que, com a ausência de Philip e a idade avançada da rainha, os holofotes se voltarão mais para Charles e William.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>