Com obras em andamento, Atlético-MG mantém previsão de concluir estádio em 2022

O Atlético-MG caminha para realizar o sonho da torcida de voltar a ter uma casa própria. As obras da Arena MRV, em Belo Horizonte, estão em andamento e, quando ficar pronto, o estádio terá capacidade para 46 mil pessoas e custará R$ 560 milhões. A previsão é de que a inauguração aconteça em 2022.

A arena está sendo construída no bairro Califórnia, região noroeste de Belo Horizonte, em terreno de 130 mil metros quadrados doado por Rubens Menin, conselheiro do clube e fundador da construtora MRV Engenharia. A fase inicial do projeto já está em andamento. A licença para instalação do canteiro de obras foi dada pela Prefeitura de Belo Horizonte em dezembro do ano passado.

Com o documento estão autorizados procedimentos de preparação do terreno, como, por exemplo, a realização de terraplenagem. A etapa teve início em abril. Um segundo documento, um alvará necessário para início da edificação do estádio, era esperado para a sexta-feira passada, dia 14 de agosto, mas não saiu. Menin garante que não haverá atraso na obra. "O alvará deverá sair na próxima semana", afirmou em entrevista ao <b>Estadão</b>.

O estádio terá ainda uma esplanada com 19 mil metros quadrados, 68 camarotes, 40 bares e 2,4 mil vagas de para veículos. Os recursos para a obra vão sair da venda de metade da participação que o Atlético-MG tem em um shopping construído em terreno que pertencia ao clube, no bairro de Lourdes, zona nobre da capital, em um total de R$ 300 milhões, e de financiamento que será pago com recursos gerados da entrada do estádio em funcionamento.

A conta tem ainda R$ 60 milhões em direitos pagos pela MRV para colocar o nome no estádio. "Temos um contrato de 10 anos que pode ser renovado por mais cinco", relatou Menin. O empresário afirma que a empreiteira não terá participação na administração da arena, o que será feito por uma empresa criada especificamente para isso. Menin explica, no entanto, que participará do conselho de gestão do estádio.

O empresário conta que a ideia de ajudar na construção de um estádio para o Atlético-MG surgiu em viagem que fez a Portugal em 2013, depois de acompanhar a derrota do time no Mundial de Clubes da Fifa, no Marrocos, competição em que o time brasileiro perdeu para o clube local Raja Casablanca por 3 a 1, em Marrakesh, e não avançou para a final da disputa.

Em Portugal, Menin foi convidado para conhecer a Arena do Dragão, do Porto. "O presidente do clube mostrou a importância de se ter um estádio próprio, com todos os recursos que isso gera. Um time, se quiser ser grande, não pode ser grande sem ter um estádio próprio. Nenhum time do mundo consegue isso. A partir daí, começamos a pensar nisso", contou Menin. "O que penso é que será algo que ajudará uma entidade de 9 milhões de torcedores".

Empresário menos poderoso, mas também fanático pelo Atlético-MG, o dono do principal bar reduto de torcedores do clube em Belo Horizonte, Salomão Jorge Filho, de 50 anos, segue na mesma linha de raciocínio de Menin e avalia que o estádio vai levar o clube a outro patamar no cenário do futebol brasileiro. "Não vai ser só um lugar para partidas de futebol. Vai ter shows, outros tipos de apresentações. Isso vai aumentar os recursos do time. É um passo a mais para o time, ter um estádio ultramoderno", disse.

Ao menos parte dos jogos com mando do Atlético-MG vem sendo realizada desde 2012 no estádio Independência, que pertence ao América-MG. O outro estádio da capital, o Mineirão, também é utilizado pelo clube alvinegro, mas em maior escala pelo Cruzeiro.

O Atlético-MG já chegou a ter um estádio. Se chamava Presidente Antonio Carlos, tinha capacidade para 5 mil pessoas e ficava no terreno em que hoje existe o shopping center no qual o clube tem participação. O campo foi inaugurado em 1929. O local funcionou até 1968 e ficou obsoleto com a inauguração do Independência, que hoje tem capacidade de 23 mil pessoas.

Um dos frequentadores do estádio Presidente Antonio Carlos era o hoje bancário aposentado Braz Filizzola Neto, de 77 anos. Ostentando duas de suas principais relíquias – um álbum de figurinhas dos jogadores do clube em 1950 e uma camisa da equipe autografada por jogadores do time campeão do Campeonato Brasileiro de 1971, – Braz acredita que o novo estádio será um orgulho para o torcedor atleticano. "Vai trazer uma identidade ainda maior para o time, além de ajudar no caixa", avaliou.

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