Em um jogo que ficou marcado por um pênalti polêmico marcado por meio de um recurso de vídeo no qual o juiz foi avisado da ocorrência do mesmo por outros árbitros que não faziam parte do trio de arbitragem do confronto, o Kashima Antlers venceu o Atlético Nacional por 3 a 0, nesta quarta-feira, em Osaka, do Japão, e conquistou vaga na final do Mundial de Clubes da Fifa.
Essa será a primeira vez que um time asiático disputará a decisão desta competição organizada pela entidade, sendo que o Kashima entrou nesta edição do torneio como atual campeão japonês e representante do país-sede.
O adversário do Kashima na decisão será definido nesta quinta-feira, a partir das 8h30 (de Brasília), quando o Real Madrid enfrentará o América do México na outra semifinal do Mundial.
Já o Atlético Nacional, que decepcionou como atual campeão da Libertadores ao cair de forma contundente na estreia, irá disputar o terceiro lugar contra o perdedor do confronto entre o time espanhol e a equipe mexicana, no domingo, quando também será realizada a decisão do título.
O time colombiano também acabou repetindo um feito negativo que foi amargado anteriormente no Mundial de Clubes da Fifa por Internacional e Atlético-MG, que caíram na estreia como representantes da América do Sul em 2010 e 2013, quando foram superados respectivamente pelos africanos Mazembe e Raja Casablanca.
A equipe da Colômbia, por sua vez, passou a contar com forte carinho e apoio dos torcedores brasileiros por causa das belas homenagens que fez à Chapecoense após o acidente aéreo que provocou a morte de 71 pessoas depois que o avião que levava o time catarinense para o jogo de ida da final da Copa Sul-Americana cair perto do aeroporto de Medellín, no último dia 29 de novembro.
Antes da partida desta quarta, por sinal, foi respeitado um minuto de silêncio pelos jogadores e pelos torcedores em Osaka, sendo que os seguidores do time colombiano que estavam no estádio chegaram a cantar “Vamos, vamos Chape!” para homenagear o time catarinense mais uma vez.
O JOGO – Favorito até a bola rolar, o Atlético Nacional tratou de buscar o ataque desde o início no confronto desta quarta e chegou com maior perigo pela primeira vez aos 11 minutos, quando Borja deu belo passe da esquerda para Mateus Uribe arriscar o chute de fora da área e ver Sogahata praticar boa defesa.
E logo em seguida, aos 12 minutos, o time colombiano quase abriu o placar com Uribe, que desviou de cabeça um escanteio cobrado por Macnelly Torres e viu o goleiro japonês realizar outra boa intervenção.
Mas, ao mesmo tempo em que era ofensivo, o Atlético Nacional cedia muitos espaços em sua defesa e quase levou o primeiro gol aos 13, quando Endo recebeu livre nas costas da zaga e tentou encobrir o goleiro Armani, mas a bola foi para fora.
Aos 17 minutos, por sua vez, Shibasaki foi outro a aparecer na cara do gol após aproveitar uma brecha na zaga colombiana. Porém, na hora da finalização, acabou sendo bloqueador por um defensor.
O time colombiano não se assustou com as chances dos adversários e seguia atuando de forma ofensiva, com Borja voltando a fazer o goleiro japonês praticar boa defesa ao finalizar de primeira um cruzamento da direita.
E ali o Atlético começaria a perder uma série de ótimas oportunidades de gol, sendo a primeira deles aos 22 minutos, quando Uribe recebeu cruzamento da direita e, livre, tocou para a bola passar perto da trave direita do goleiro.
Aos 23, por sua vez, o Kashima se salvou de forma incrível. Após Borja insistir em uma jogada que parecia perdida, Mosquera aproveitou a sobra e acertou forte chute no travessão. No rebote, Berrío finalizou de cabeça e o japonês Soji salvou em cima da linha da meta.
MOMENTO HISTÓRICO E POLÊMICO – E, para complicar ainda mais a vida do time colombiano, um lance polêmico aconteceu aos 30 minutos, quando Nishi foi derrubado dentro da grande área por Mosquera após falta batida da esquerda. O árbitro húngaro Viktor Kassai, porém, não flagrou o lance e só marcou a penalidade após ter sido avisado por árbitros de vídeo que estavam fora do campo e têm à disposição 23 ângulos de câmera para confirmar ou alterar decisões dos árbitros de campo.
A utilização do auxílio tecnológico já acontece em outras modalidades, mas está sendo testada de maneira inédita no futebol neste Mundial. Mesmo com toda a tecnologia, a decisão de Kassai gerou polêmica, já que o jogador do Kashima estava em posição de impedimento antes de sofrer o pênalti. Contudo, o lance não poderia ser alterado com esse tipo de recurso de vídeo, uma vez que ele só poder ser usado, pelas regras da Fifa, apenas em quatro situações: gol (se a bola cruzou a linha), pênaltis, cartão vermelho e erro de identificação (quando um atleta é punido erroneamente no lugar de outro).
Foi a primeira vez na história que o recurso do vídeo foi utilizado, de fato, em uma partida profissional de futebol desta forma. Antes do início da competição, o ex-jogador holandês Marco Van Basten, diretor de desenvolvimento técnico da Fifa, falou sobre o assunto. “Isso representa um grande passo no teste da tecnologia. Sentimos que estamos preparados para testar a tecnologia”, declarou. Quem também defendeu o vídeo foi o ex-juiz Massico Bussaca, chefe da arbitragem da Fifa. “O ritmo do jogo precisa ser mantido e a autoridade precisa ser mantida com o árbitro.”
E, depois de muita reclamação dos colombianos, o meia Doi cobrou a penalidade aos 32 minutos do primeiro tempo no canto direito do goleiro Armani, que caiu para o outro lado.
Mesmo após o gol, o Atlético seguia melhor em campo, mas não cansava de desperdiçar oportunidades claras. Em uma delas, aos 42 minutos, Berrío se livrou da marcação e, na cara do gol, finalizou com força para Sogahata fazer outra grande defesa. E depois disso, Mateus Uribe, aos 44, e Borja, com toque de letra aos 46, voltaram a fracassar em investidas ofensivas.
Para completar, o time colombiano não estava em um dia de sorte, pois Mosquera acertou o travessão pela segunda vez no jogo aos 48 minutos, nos acréscimos do primeiro tempo, antes de ir para os vestiários pressionado pelo resultado ruim.
VEXAME NA ETAPA FINAL – No segundo tempo, já sem o mesmo volume ofensivo, o Atlético voltou a perder boa chance de empatar aos 13 minutos, mais uma vez com o artilheiro Borja.
O desespero começava a bater conforme o tempo ia passando e o técnico Reinaldo Rueda resolveu sacar Diego Arias e colocar Alejandro Guerra como nova opção de armação ao lado de Macnelly Torres.
Entretanto, as jogadas ofensivas começaram a ficar mais raras. Em uma delas, Dájome, que acabara de substituir Dayro Mosquera, vacilou ao receber livre para finalizar e chutar muito mal, de bico para fora, aos 22 minutos.
E o que era desespero para os colombianos começou a virar humilhação aos 37 minutos, quando o Kashima vez o segundo gol. Após cruzamento de Shibasaki, Armani saiu mal do gol e a bola sobrou limpa para Endo, que, de costas para a meta, tocou de calcanhar com categoria para as redes.
O gol abalou de vez o Atlético Nacional, que passou a atacar de forma ainda mais desordenada e sofreria o terceiro apenas dois minutos depois. Em investida ofensiva pela direita, Mu Kanazaki cruzou para Suzuki, que havia acabado de entrar e completou para o fundo da rede, liquidando de vez o Atlético Nacional.
FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO NACIONAL 0 X 3 KASHIMA ANTLERS
ATLÉTICO NACIONAL – Armani; Bocanegra, Aguilar, Henríquez e Díaz; Macnelly Torres, Arias (Guerra) e Mateus Uribe; Berrío (Rodríguez), Borja e Mosquera (Dájome). Técnico: Reinaldo Rueda.
KASHIMA ANTLERS – Sogahata; Shoji, Yamamoto, Nishi e Ueda; Ogasawara (Nagak), Shibasaki, Nakamura (Suzuki) e Endo; Doi e Akasaki (Kanazaki). Técnico: Masatada Ishii.
GOLS – Doi, aos 32 minutos do primeiro tempo; Endo, aos 37, e Suzuki, aos 39 do segundo.
ARBITRO – Viktor Kassai (HUN).
PÚBLICO – 15 mil torcedores.
RENDA – Não disponível.
CARTÕES AMARELOS – Henríquez e Mateus Uribe.
ESTÁDIO – Suita City Football Stadium, em Osaka (JAP).