Em busca de acesso a um gás natural mais competitivo, a Comgás analisa alternativas para diversificar a origem do insumo e reduzir, dessa forma, a dependência do volume e das condições comerciais impostas pela Petrobras. Entre as alternativas em estudo estão o aproveitamento do biogás, gerado a partir de resíduos sólidos e do aproveitamento da linhaça, e do gás natural que será extraído do pré-sal explorado na bacia de Santos, na costa brasileira.
“Estamos trabalhando fortemente em várias áreas. Há alternativas de biogás nos aterros sanitários e na linhaça. São duas matérias-primas bastante abundantes no Estado”, destacou o presidente da Comgás, Luis Henrique Guimarães, durante teleconferência com jornalistas realizada nesta quarta-feira, 13.
Da costa, a Comgás também analisa o potencial volume de gás a ser explorado no pós e, principalmente, no pré-sal da bacia de Santos. Em maio passado, Guimarães já havia comentado que a criação de um gasoduto que interligasse a costa à base da Comgás garantiria aumento da oferta do insumo para a região. Ao mesmo tempo, a possibilidade de adquirir gás de outros players é apontada como uma alternativa para ter acesso a preços mais competitivos.
“Trabalhamos para que o plano 2014-2019 abranja a necessidade de criação de uma infraestrutura adicional, para que se incorpore os benefícios do biogás e do pré-sal. Se não tivermos infraestrutura, o gás (do pré-sal) continuará indo para outros Estados”, afirmou Guimarães, destacando um dos temas que devem nortear a análise da Comgás em relação à revisão tarifária prevista para o período 2014-2019.
O processo de revisão tarifária, que deveria ocorrer até maio deste ano, foi postergado pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) para janeiro de 2015.
Concorrência
Criar rotas de acesso ao gás natural é considerado uma prioridade dentro da Comgás, companhia que reclama contra os preços diferenciados adotados pela Petrobras em diferentes mercados. A companhia alega que os valores cobrados em outros Estados, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, e até mesmo em São Paulo, na área atendida pela Gas Brasiliano, pode ser até 10% menor do que o pago pela Comgás, a mais distribuidora de gás do País.
Por isso, a companhia recorreu na Justiça na tentativa de garantir isonomia de preços.”É mais ou menos parecido com uma guerra fiscal. Nosso único pleito é de que o gás seja equivalente”, destacou. Guimarães, contudo, preferiu não comentar o andamento da disputa judicial.
Ao mesmo tempo em que a disputa na Justiça se realiza, a Comgás vê espaço para o acesso a novas fontes, em um processo que deve ocorrer de duas formas. A primeira, em um prazo mais curto, seria a partir do aproveitamento do biogás, em projetos de menor dimensão. A segunda seria o aproveitamento do gás extraído de águas ultraprofundas, alternativa que, no entanto, deve ser viável apenas na próxima década.
“Em larga escala, algo acima da metade da necessidade da Comgás, teremos só na próxima década, mas 2020 está logo aí. Para projetos dessa natureza, cinco anos é considerado curto prazo”, salientou. “Acredito que veremos movimentações bastante importantes, como a concessão de licenças, por exemplo, já a partir do ano que vem”, complementou Guimarães.