O comitê consultivo da Food and Drug Administration (FDA), agência americana que regula medicamentos e alimentos, autorizou na quinta-feira, 10, o uso emergencial da vacina contra covid produzida pela Pfizer e pela BioNTech. A recomendação, feita após reunião que durou mais de 8 horas, coloca os EUA mais perto do início da vacinação em massa. Agora, a FDA pronta para dar a palavra final sobre a vacina, o que pode acontecer entre hoje e amanhã.
Os EUA dizem estar preparados para distribuir a primeira leva de 2,9 milhões de doses da vacina da Pfizer e da BioNTech nas 24 horas seguintes à autorização da FDA. No total, há 6,4 milhões de doses no país prontas para serem distribuídas. Segundo orientação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), os primeiros a receber a vacina nos EUA serão profissionais da saúde, moradores de casas de repouso e clínicas médicas.
Na terça-feira, a FDA já havia confirmado a eficácia e a segurança da vacina da Pfizer e da BioNTech, em avaliação preliminar. Ontem, a maioria do comitê que assessora a agência recomendou o uso emergencial do imunizante por 17 votos a favor, 1 abstenção e 4 votos contrários.
Após o aguardado aval da FDA, as doses poderão ser distribuídas para cerca de 600 centros de vacinação nos 50 Estados americanos, que serão responsáveis pela aplicação da vacina na população. Para começar a vacinar os americanos, o CDC ainda precisa formalizar a autorização em novas reuniões, uma agendada para hoje e outra para domingo. A expectativa é de que, no início da semana, a vacinação tenha início nos EUA.
A corrida pela autorização e distribuição da vacina no país acontece em meio a um novo pico de disseminação do coronavírus. Apenas ontem, os EUA tiveram 3.124 mortes por covid-19 e 221 mil novos casos da doença. Segundo o CDC, outros 70 mil americanos podem morrer de covid antes do fim do ano com o avanço descontrolado da pandemia.
Segundo Robert Redfield, diretor do CDC, os americanos correm o risco de conviver diariamente com a perda de 3 mil pessoas pelos próximos três meses, o que seria equivalente a um atentado terrorista de 11 de Setembro por dia – nos ataques, em 2001, 2.977 pessoas morreram.
A vacina da Pfizer e da BioNTech já recebeu a autorização de autoridades reguladoras do Reino Unido, onde a vacinação começou nesta semana, e no Canadá. Ontem, a Arábia Saudita também deu aval à vacina. O processo de avaliação , no entanto, é mais demorado nos EUA, onde as autoridades de saúde fazem uma análise independente dos dados. Nos outros países, a análise é feita com base nos dados divulgados pelas farmacêuticas.
<b>Objetivo</b>
Os EUA prometem vacinar 20 milhões de americanos até o final de dezembro, o que exige 40 milhões de doses disponíveis. Para isso, o governo conta com uma futura autorização da FDA para uma segunda vacina, a produzida pelo laboratório Moderna. A reunião do comitê consultivo da agência para concluir a nova avaliação está marcada para o dia 17 de dezembro.
Em julho, os EUA fecharam acordo de US$ 2 bilhões para a compra antecipada de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer e da BioNTech. Isso garante a imunização de pelo menos 50 milhões de americanos. Em 18 de novembro, as duas farmacêuticas concluíram os estudos da fase 3, que é atualmente o mais avançado no mundo com testes de eficácia feitos em larga escala.
As empresas foram as primeiras a protocolar pedido de avaliação para uso emergencial nos EUA, após divulgarem que o imunizante desenvolvido é seguro e tem 95% de eficácia. Há cerca de um mês, a União Europeia fechou um acordo com a Pfizer para comprar 200 milhões de doses.
Pressionado pelo avanço das autorizações para vacinação em outros países, o governo brasileiro informou nesta semana que está em tratativas com a Pfizer e com a BioNTech para compra de doses da vacina. Até agora, o Ministério da Saúde vinha sinalizando que a temperatura exigida para o armazenamento (de 70 graus negativos) seria uma barreira para a distribuição em um país das dimensões do Brasil.