O prefeito Lucas Sanches (PL), no afã de agradar eleitores, volta a gravar um vídeo só para jogar para a torcida. Demonstrando ser um grande desconhecedor de como questões básicas funcionam, ele embarcou nos discursos rasos de muitos vereadores e voltou a atacar o pedágio eletrônico na Dutra nesta terça-feira. Logicamente ninguém quer pagar pedágios ou taxas, como a dos cemitérios (o famoso IPTU do Além), criado pelo próprio Lucas, mas nesta altura sair atacando o sistema free flow, demonstra certa ignorância em relação a todo processo de concessão da rodovia.

Lucas não agiu quando poderia
O processo de nova concessão da Dutra ocorreu quando Lucas Sanches já era vereador. Ali era o momento de se levantar contra pedágios. No entanto, o hoje prefeito “tiktoker” não se destacou entre aqueles que contestaram o tema. Naquele momento, a exemplo de muita gente que fala demais por não ter nada a dizer, ficou calado. Não participou de debates ou audiências públicas sobre o tema.
Por que o guarulhense não irá pagar pedágio?
Durante o processo de concessão, o ex-prefeito Guti (PSD), em contato direto com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), solicitou que não houvesse pedágio na Dutra, como constava das discussões para atrair interessados para o processo de licitação. Diante do pedido de Guti, Bolsonaro ordenou que seu ministro da Infraestrutura, hoje governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, retirasse da proposta os pedágios nas pistas marginais.
Eis a verdade
A partir de então, o processo de concessão passou a prever que a cobrança pelo sistema free flow ficasse limitado às pistas expressas, garantindo que nenhum guarulhense pague pelo pedágio se não quiser. Repetindo. Só pagará quem quiser. O resto é discurso que não levará a nada. As obras da Dutra estão em sua fase final e em breve o sistema entrará em operação, quando então os guarulhenses perceberão na prática quem está certo.
Tensão na Câmara Municipal
Os sinais estão dados. Que ninguém se surpreenda se algo de muito ruim ocorrer na Câmara Municipal de Guarulhos em um futuro bastante breve. De uns tempos para cá, a tensão é latente. Muitos vereadores se manifestam, criticam, mas nada de efetivo é feito. E que ninguém pense ou venha dizer que é algo recente, desta Legislatura. Há algum tempo já a lei e a ordem se perderam no Legislativo da cidade. Que o embate (para não dizer baderna) da última segunda-feira seja a gota d´água.
Puxando pela memória
Pouco mais de um ano atrás a mesma Câmara Municipal serviu de cenário para uma cena que, por pouco, não terminou em tragédia, quando simpatizantes do atual prefeito Lucas Sanches, então vereador pelo PL, se desentenderam com o ex-chefe de Gabinete Caíque Marcatt. A discussão que começou em plenário terminou horas depois em pancadaria em frente a uma padaria da cidade. O caso nunca foi devidamente esclarecido e teve grande repercussão durante o período eleitoral.
Novos tempos, mas nem tanto
Uma nova Câmara se formou. Boa parte dos vereadores se reelegeu, principalmente aqueles que eram base do Governo anterior, do ex-prefeito Guti (PSD). No entanto, prefeito novo, práticas políticas velhas. Quase a totalidade dos parlamentares mudou de lado e seguiu em massa para os braços de Lucas Sanches, garantindo uma grande base de sustentação do Governo.
Base invertida
Na nova base de apoio, antigas convicções políticas, se é que haviam, se desfizeram em um piscar de olhos. Desta forma, o primeiro semestre da Câmara foi pífio, com quase nenhuma discussão sobre Guarulhos e problemas locais. Questões ideológicas começaram a tomar conta dos debates e o clima passou a ser tenso desde a primeira sessão do ano. Não foram poucos os embates acalorados envolvendo nomes novos da Casa, como os antagônicos Kleber Ribeiro (PL) e Fernanda Curti (PT), sempre amparada por seu colega de esquerda Edmilson Souza (PSOL).
Muvuca institucionalizada
Na Câmara deste ano, já houve discussões, empurra-empurra, ataques mútuos, acusações de todos os tipos, parlamentares armados, como é o caso do Delegado Mesquita (Republicanos), que utiliza o equipamento até por sua condição profissional e defesa pessoal. A Comissão de Ética cansou de ser acionada, mas sem qualquer atuação mais efetiva. Até mesmo o presidente da Casa, Fausto Martello, se envolveu em alguns embates mais acirrados.
Briga de torcidas 
Ou seja, a “briga” nas galerias entre as torcidas organizadas de vereadores da direita e da esquerda é apenas consequência deste desserviço que o Legislativo Municipal vem prestando à população de Guarulhos. Não se pode generalizar, já que há sim exceções entre os vereadores que não se envolvem de forma alguma nessas confusões, mas os parlamentares são os maiores responsáveis pelo vexame coletivo da política local, que pode-se dizer é um reflexo de uma gestão municipal que manda e desmanda na Casa de Leis.
Passou da hora de parar
Por deixar Guarulhos em segundo plano, os debates esquentam com temas nacionais, numa insana disputa ideológica que não se resolve em nível municipal. Lotar as galerias com “torcidas organizadas” só piora a situação e faz com o caldeirão ferva ainda mais. Cabe aos vereadores darem um basta a esta situação e se erguerem numa frente verdadeira de independência política e ideológica. A subserviência ao governo municipal também é danosa ao jogo democrático, já que muitos dos vereadores perdem a própria identidade ao defenderem com unhas e dentes teses que não são as deles.
Panos quentes
Nesta terça-feira, uma nota oficial da Câmara tentou colocar panos quentes no episódio de segunda-feira, quando a GCM (Guarda Civil Metropolitana) de Guarulhos usou spray de pimenta para retirar alunos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Lembrando que foram lá para protestar contra Kleber, que na última semana esteve na instituição e se envolveu, junto a sua equipe, numa confusão com estudantes. Três jovens saíram feridos. O troco foi dado por simpatizantes do vereador do PL e o resultado foram agressões mútuas.
Nada de efetivo
A nota apenas relata os fatos do ponto de vista oficial, além de ser protocolar sem apresentar qualquer solução: “A Câmara reforça seu compromisso com a transparência, a integridade do processo legislativo e o direito de manifestação da população, sempre observando os limites da ordem e da segurança de todos”. Isso só não adiantará em nada. Se não mudarem a postura, os vereadores deverão ser responsabilizados por tudo de ruim que ainda irá ocorrer por lá.
Orelha em pé

Acórdão publicado semana passada pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça) colocou prefeitos de todo o Brasil em polvorosa. Aponta que os chefes de Executivo municipais não poderão mais publicar em suas redes pessoais questões relativas diretamente à Prefeitura que administram. Há diferentes entendimentos, mas fica claro que o prefeito não poderá usar fotos e vídeos produzidos com dinheiro público pela Administração. Ou seja, um servidor da Prefeitura não pode fazer nada para o prefeito. Em outras palavras, limitará bastante a ação de Lucas Sanches, que canaliza toda sua comunicação nas redes sociais.
Esfriada na rede
Assim que saiu a notícia sobre o STJ, Lucas permaneceu quase 24 horas sem postar absolutamente nada, algo raro de ocorrer. Quando voltou, estava mais criterioso, limitando-se a publicações pessoais ou rememorando coisas passadas. Mas logo voltou à carga, trazendo informações sobre a Prefeitura. No entanto, o foco agora está em observar se ele está se utilizando da máquina administrativa em benefício próprio ou tem uma equipe paga por fora para alimentar sua sede para aparecer nas redes.
Hora de ter uma equipe própria
Como dinheiro parece não ser problema, é de se esperar que Lucas passe a contar com uma equipe própria, fora da Prefeitura, para produzir seus conteúdos, liberando seus assessores diretos para trabalhar para a municipalidade. Caso contrário, enfrentará sérios problemas com a legislação. Nunca é demais lembrar que os gastos de Lucas com redes sociais, com recursos do próprio bolso ou de seu partido, o PL, chegam perto dos R$ 3 milhões nos últimos quatro anos e são alvo de ação popular movida no Ministério Público Estadual.



