Depois dos Estados Unidos e da China, a Índia sinalizou que deve adotar compromisso voluntário de redução de gases do efeito estufa como contribuição para o combate ao aquecimento global. Na semana passada, durante as reuniões técnicas da 20.ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP-20), o governo indiano informou que sua carta de intenções deve ser conhecida em 26 de janeiro, durante visita do presidente americano, Barack Obama, a Nova Délhi.
Embora mantida em segredo, a iniciativa alentará as negociações em Lima e poderá facilitar, ao longo de 2015, a conclusão do acordo que substituirá o Protocolo de Kioto, de 1997.
A discussão para valer, em Lima, começa na quarta, quando os ministros de boa parte dos 193 países das Nações Unidas estarão no comando de suas delegações. Eles terão, em tese, poder político para superar travas e chegar a um consenso sobre o formato do acordo final, a ser concluído em Paris na COP-21, em novembro. Os compromissos numéricos de cada país podem até ser indicados em Lima. Mas só serão conhecidos a partir de março de 2015. Em princípio, espera-se que o conjunto de obrigações escritas no acordo de Paris seja suficiente para impedir a elevação da temperatura média do planeta em mais de 2ºC no final deste século.
A Índia é o terceiro maior emissor de gases do efeito estufa da atualidade, depois da China, a campeã, e dos EUA. Em 2013, foi responsável por 6,5% das emissões mundiais. A China respondeu por 27,5%, e os EUA, por 14,5%. O anúncio indiano instigou as consultas bilaterais em Lima na semana passada. Se antes os negociadores buscavam mais detalhes apenas sobre as cartas de intenções divulgadas até então por EUA e China, agora acrescentaram a Índia entre seus alvos de especulação.
Em novembro, os EUA se comprometeram a emitir de 26% a 28% menos gases do efeito estufa até 2025, com base nos dados de 2005. Em 2050, essa redução será de 80%. Mas o Congresso americano, agora de maioria republicana, tende a se opor a essa oferta. A China prometeu atingir o pico de emissões em 2030, quando começará sua curva descendente. Nesse mesmo ano, as fontes renováveis deverão responder por 20% de sua matriz energética. Nenhuma dessas ofertas parece suficientemente clara aos negociadores, nem o bastante para limitar os termômetros.
A União Europeia já havia antes feito um movimento voluntário considerado ousado: prometeu reduzir suas emissões, em 2030, para 40% do volume registrado em 1990. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.