Em um contraponto à posição do ex-ministro Gilberto Carvalho, uma corrente do PT defendeu que os parlamentares do partido não votem, na eleição para as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, em candidatos da base aliada do presidente Michel Temer. A ala “Avante Socialismo 21” decidiu nesta quarta-feira, 18, que não se deve fazer “nenhum voto ou acordo com candidatos da base de sustentação do governo golpista”.
No texto da resolução, obtido pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, a corrente partidária avalia que é necessário fazer o enfrentamento das reformas neoliberais que estão em curso, organizar a resistência democrática e reforçar o papel do PT enquanto alternativa do governo.
O PT, como segunda maior bancada do Congresso Nacional, tem o direito de participar da composição da Mesa Diretora da Câmara e do Senado. Cabe ao partido exigir politicamente o respeito ao princípio da proporcionalidade. “Este princípio deve nortear as movimentações táticas que possibilitem às nossas bancadas alcançar a representação que lhe é devida”, defende o texto.
Essa corrente petista é composta, entre outros, pelos ex-presidentes da Câmara Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS), pela ex-ministra Maria do Rosário (RS) e pela senadora Fátima Bezerra (RN).
O texto defende que o momento é de resistência e argumenta que a “nitidez programática” e a “firmeza ideológica” são componentes fundamentais e estruturantes do processo de reorganização da esquerda. “Esta é a oportunidade para o PT avançar ao lado da classe trabalhadora, reposicionando-se em um movimento de coerência ideológica, dando um exemplo pedagógico para a luta política em curso no Brasil”, destaca.
Em carta a integrantes do PT no Congresso, Gilberto Carvalho, ex-ministro de Dilma e ex-chefe de gabinete de Lula, havia defendido que as bancadas do partido fizessem acordos com partidos da base de Temer a fim de garantir espaços na Mesa Diretora das duas Casas Legislativas. A manifestação de Carvalho vai na linha do que tem defendido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Pela regra, o PT – com uma bancada de 57 deputados, a segunda maior da Câmara – tem direito a integrar a Mesa Diretora. Só a criação de um bloco com vários partidos pode inviabilizar a participação da sigla no comando da Casa. Neste caso, o PT pode embarcar na candidatura de André Figueiredo (PDT-CE), que foi ministro no governo Dilma Rousseff e votou contra o impeachment.
No Senado, por sua vez, o PT – hoje com 10 senadores – é a terceira maior bancada. O atual líder do PMDB e favorito a presidir a Casa a partir de fevereiro, Eunício Oliveira (CE), já ofereceu ao PT a Primeira Secretaria, espécie de prefeitura que vai gerir o bilionário orçamento do Senado. Uma parcela da bancada, contudo, resiste a apoiá-lo.