Covid-19 foi tema central no debate entre Boulos e Covas na Band

No primeiro debate da TV aberta no segundo turno entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, a possível segunda onda do coronavírus foi o tema mais debatido entre Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), que trocaram críticas sobre o tema. No encontro na TV Band, Covas teve de defender seu vice, Ricardo Nunes (MDB), alvo de críticas do candidato do PSOL.

Covas afirmou que o número de novos casos e de óbitos na cidade está estabilizado, mas que há aumento no número de internações e defendeu as ações de sua gestão, afirmando que nenhuma pessoa ficou sem atendimento médico na cidade. O atual prefeito citou ainda o auxílio emergencial que a Prefeitura deve pagar a cidadãos pobres ainda neste ano. Em um ataque a Boulos, disse que era preciso "experiência" para gerenciar a maior cidade do País após a pandemia.

Já Boulos defendeu a realização de testes em massa na cidade para identificar focos da doença e criticou o fechamento de hospitais, citando a abertura parcial do Hospital Sorocabana, na Lapa, zona oeste, ocorrida neste ano. Boulos trouxe ao debate uma lista de perguntas sobre os dados de propagação da doença, que, segundo ele, haviam sido feitas pelo Conselho Municipal de Saúde, e ficaram sem resposta da Prefeitura.

Boulos buscou nacionalizar o assunto, fazendo críticas à disputa em torno da vacina da Sinovac travada entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB). "Transformaram o tema em disputa oportunista, pequena. É lamentável." Covas rebateu as críticas do candidato do PSOL com uma defesa dos feitos de seu governo, afirmando que as ações adotadas tiram critérios técnicos. "Podem reclamar, que são a favor ou contra, mas em nenhum momento podem dizer que fui omisso em relação à pandemia do coronavírus", disse, repetindo uma construção que já havia feito em outros debates.

No segundo bloco do debate, quando os candidatos puderam conversar sem interrupção por 15 minutos cada, Boulos questionou Covas sobre a relação do candidato a vice Ricardo Nunes com as creches, após o prefeito trazer o tema da educação. Nunes tem ex-funcionários gerenciando uma série de creches na zona sul da cidade. A entidade gestora dessas unidades repassou ao menos R$ 50 mil ao candidato, conforme informou o <i>Estadão</i> neste mês. Covas defendeu o aliado, destacando que Nunes, "como outros vereadores combativos da capital", teve atuação de destaque na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a dívida pública.

Por duas ocasiões, Boulos direcionou perguntas ao rival para tratar do tema de desemprego e da geração de renda. O candidato do PSOL, atrás nas pesquisas de opinião, busca aumentar a votação entre o eleitor morador da periferia.

Os candidatos também falaram sobre as finanças da cidade. Boulos criticou o caixa disponível na Prefeitura, que, segundo ele, deveria ter viabilizado investimentos. Covas voltou a usar a palavra "inexperiente" ao se referir a Boulos, dizendo que os recursos em caixa já tinham destinação.

Os candidatos se enfrentaram também ao falar de segurança pública, tema trazido à discussão por Covas. O prefeito disse que, no plano de governo do adversário, a única citação à Polícia Militar era para dizer que a corporação era "genocida". Boulos disse que não atacou os servidores da PM e que os governos tucanos deixaram de investir nos servidores. Ele disse que a polícia era orientada pelo PSDB ao "extermínio".

Covas reagiu dizendo pedindo respeito, dizendo que a crítica "não condiz com meu histórico de respeito aos direitos humanos".

<b>Desemprego</b>

Questionado sobre o que faria para combater o desemprego diante da crise provocada pelo novo coronavírus, Boulos apontou que a renda solidária será seu plano piloto para recuperar a economia da cidade. A proposta visa a atender até 1 milhão de famílias com auxílio mensal de até R$ 400. O candidato afirmou que o consumo desses beneficiários vai ativar o comércio nas periferias e gerar empregos.

O candidato do PSOL também disse que, num eventual governo, serão criadas linhas de crédito para atender os pequenos comerciantes e frentes de trabalho, com mão de obra local para garantir serviços de zeladoria.

Boulos perguntou a Covas sobre os planos em relação à renda e emprego. O candidato do PSDB disse que a Prefeitura realizou mutirões de emprego e aplicou cursos de qualificação profissional.

<b>Impostos</b>

O prefeito também afirmou que, para ajudar o pequeno comerciante durante a pandemia, a gestão deixou de executar dívidas. Acrescentou que, num eventual novo governo, será possível negociar as parcelas não pagas em 2020 de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Covas, como em outras ocasiões, reafirmou a promessa de não aumentar os tributos nos próximos quatro anos, caso seja eleito.

<b>Polícia Militar</b>

Quando perguntou a Boulos se pretendia dar continuidade à Operação Delegada, Covas afirmou que a única menção do plano de governo do adversário à Polícia Militar a classificava como "genocida". O candidato do PSOL afirmou que a crítica é à política de segurança e não aos policiais.

Sobre a Operação Delegada, convênio entre a Prefeitura e Governo do Estado para que a PM reforce o combate ao comércio irregular em São Paulo, Boulos afirmou que pode ter continuidade, mas não para esse fim.

Covas disse que sua gestão ampliou a operação e prometeu, para um eventual governo, uma nova ação com a polícia ambiental, para evitar invasões em áreas de manancial.

<b>Haddad e Doria</b>

Assim como Boulos tentou associar a imagem de Covas ao governador João Doria, o atual prefeito aproximou o candidato do PSOL do PT. Boulos disse que Doria e o presidente Jair Bolsonaro converteram a vacina contra covid-19 em embate político. Covas associou o adversário aos governos petistas. "Não podemos retroceder para aquele jeito de governar que a gente já viu o PT fazer, que criou mais de 40 estatais quando assumiu a presidência da República".

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