Em uma semana esvaziada por causa das festas de São João no Nordeste, deputados da CPI da Petrobras prometem fazer pressão para aprovar rapidamente a convocação dos últimos executivos presos na 14ª fase da Operação Lava Jato. O grupo argumenta que é preciso dar celeridade a essas oitivas para que os parlamentares não fiquem apenas como coadjuvantes das investigações da Justiça Federal no Paraná.
No mesmo dia em que os executivos das construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez foram presos, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) protocolou os pedidos de convocação dos presidentes das construtoras (Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo). Valente também apresentou na sexta-feira (19) requerimentos para ouvir Alexandrino Alencar (ex-vice-presidente da Braskem e atual presidente institucional da Odebrecht), os executivos da Odebrecht César Ramos Rocha, Rogério Araújo, Márcio Faria da Silva, além de Flávio Lúcio Magalhães, executivo da Andrade Gutierrez.
A única atividade da CPI marcada para esta semana é o depoimento na próxima quinta-feira, 25, de Pedro Aramis de Lima Arruda, ex-gerente de Segurança Empresaria da Petrobras. Como se trata de um depoimento considerado “morno”, a tendência é que boa parte da comissão fique a semana inteira em suas bases eleitorais participando das festas juninas. Toda cúpula da comissão – o presidente Hugo Motta (PMDB-PB), o vice Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Felix Mendonça Júnior (PDT-BA) e Kaio Maniçoba (PHS-PE) – é da bancada nordestina e dificilmente estará nesta semana em Brasília.
O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu abonar a falta dos parlamentares nordestinos amanhã, dia 23, e quarta-feira, 24, até as 19h, quando haverá sessão deliberativa para apreciação do projeto que revê a política de desoneração da folha de pagamento.
Membros da CPI que não foram liberados para acompanhar as festividades em seus Estados querem a realização de uma sessão extraordinária com quem estiver no Congresso. O objetivo é votar o mais rápido possível os requerimentos de convocação dos últimos presos pela Polícia Federal e de personagens envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras que ainda não foram chamados para prestar esclarecimentos, como o executivo Júlio Camargo (da Toyo Setal), o policial acusado de entregar malas de dinheiro a políticos Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Jayme Careca, e a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ). “A qualquer momento a gente pode fazer essa sessão para votar requerimentos”, afirmou Valente.
O grupo quer pedir a convocação imediata dos últimos arrolados na Lava Jato. “Não dá para a gente ficar sempre a reboque da apuração. Temos de estar na frente das demais investigações”, pregou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). “Temos de ter foco na CPI”, completou Valente.
Se conseguir agendar a sessão extraordinária para aprovação de requerimentos ainda nesta semana, o parlamentar do PSOL disse que pedirá a divulgação dos 12 nomes de executivos, ex-dirigentes da Petrobras e operadores do esquema que estão sob investigação da consultoria Kroll, responsável pelo rastreamento de contas no exterior. Os investigados da empresa de espionagem estão mantidos sob sigilo. “Quem a Kroll vai investigar tem de ser aprovado pela CPI”, defendeu Valente.