O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, disse nesta segunda-feira, 24, que, apesar do importante papel desempenhado pelos bancos públicos na indução do crédito nos últimos anos, não se pode negligenciar os bancos privados. O secretário, que participa do seminário “O papel dos bancos públicos no desenvolvimento econômico”, realizado pelo Jornal GGN e pela Abimaq, reiterou a importância do papel dos bancos públicos como instituições provedoras de crédito, mas admitiu que eles, sozinhos, não conseguem atender toda a demanda.
“Mas a redução dos incentivos dos bancos públicos para que o setor privado entre investindo é insuficiente”, ponderou o secretário. Ele lembrou que a crise financeira internacional se tornou uma crise não só de solvência mundial, mas também de crédito. Coube então às autoridades públicas incentivar o crédito, defendeu Holland.
Neste contexto, Holland citou ações tomadas pelo governo em vários segmentos, como os de debêntures incentivadas, renda fixa, small caps e Letras Imobiliárias Garantidas (LIG). Por trás disso havia a intenção de alongar os prazos. Ele lembrou ainda a organização da dívida de longo prazo e o incentivo às dívidas bancárias.
“Mas por mais que temos os bancos públicos, não podemos negligenciar os bancos privados. O Brasil avançou muito na melhoria dos índices dos bancos privados. Basta olhar os índices de Basileia. O sistema bancário é muito sólido e não só em relação aos países emergentes. A originação do crédito no Brasil é prudencial”, avaliou o secretário.
A despeito de todos os avanços, Holland admitiu que há ainda muitas desigualdades no Brasil e que reduzir essa desigualdade é uma agenda desafiadora. “Essa é uma agenda que temos de seguir no Brasil”, disse o secretário, lembrando que, para isso, é preciso avançar mais no microcrédito. Nos últimos três anos encerrados em setembro último, os bancos públicos empresaram R$ 14 bilhões para microcrédito. Essa carteira, segundo Holland, tem uma taxa muito baixa.
Para Holland, o grande desafio agora é identificar o novo “normal” no padrão econômico internacional. Segundo ele, a inflação mudial está, atualmente, em condições de quantitative easing. Neste contexto, de acordo com ele, o tamanho dos bancos públicos como provedor de financiamento não é uma questão ideológica.
Outro desafio que, segundo Holland, o Brasil precisa enfrentar é o ganho de produtividade para reduzir a inflação para o nível hipotético de normalidade internacional. Para ele, todos os instrumentos para isso estão colocados. O que falta é reequilíbrio entre bancos públicos e privados. Para Holland, é difícil os bancos privados chegarem a taxas mais adequadas e é muito complicado os bancos públicos conseguirem atender toda a demanda por crédito. “Não há concorrência entre bancos públicos e privados. Há uma complementaridade e muito espaço para os dois setores crescerem”, disse.