Cidades

Criança morre após incêndio em favela no limite de Guarulhos com São Paulo

O fogo teria sido causado por uma vela acesa deixada no quarto da vítima

Incêndio em uma favela na avenida Educador Paulo Freire, na Ponte Grande, limite de Guarulhos com São Paulo, atingiu dez barracos às 9h30 de segunda-feira e vitimou um bebê de apenas oito meses de vida. A favela é conhecida como "Bota-fora". O local também é conhecido como "Favela dos Paletes", devido a grande quantidade de estrado de madeira utilizado para movimentação de cargas de transportadoras próximas.

De acordo com a Polícia Militar, o fogo teria sido causado por uma vela acesa deixada no quarto da vítima. O barraco onde começou o incêndio tinha dois andares e foi rapidamente consumido pelas chamas. Deivid da Silva Santos, que completava oito meses segunda-feira, morreu carbonizado.

O cabo Celso Carlos Silva, locado na 1ª Companhia do 15° Batalhão, confirmou que a avó de Deivid, Maurícia Maria da Silva, admitiu ter deixado uma vela acesa no quarto e foi a um barraco próximo participar de um culto religioso. "Quando chegamos, o quarto já estava em chamas. Arrombamos um cadeado para tentar chegar ao garoto, mas quando entramos na casa, o barraco desabou", descreveu.

Segundo Silva, os pais da criança não estavam em casa. "O pai estava trabalhando e a mãe no hospital com o irmão gêmeo da vítima", completa. O cabo PM e o soldado Ivanildo Santos ainda conseguiram retirar uma mulher e três crianças do incêndio antes que o incêndio atingisse outras casas.

Em poucos minutos, 15 viaturas dos Bombeiros já estavam no local para o combate às chamas. O catador de material reciclável Edson Paulo da Silva, 20, morava no local e afirmou que tudo aconteceu muito rápido. "Estava dormindo quando ouvi um barulho de explosão. Acordei com chamas no quarto e não deu tempo de fazer nada, desabou rápido", contou.

A estudante Mayara Roberta da Silva, 16, tia de Deivid, estava muito abalada com a perda. "Só vimos a fumaça entrando pela porta. Tentamos pegar, mas não conseguimos", lamentou.

A perícia chegou ao local às 10h45 para liberar o corpo de Deivid, enquanto os Bombeiros ainda realizavam trabalhos de rescaldos nos barracos. Os pais do bebê foram conduzidos ao Hospital Geral de Guarulhos (HGG).

Moradores alegam que estão abandonados por prefeituras

O incidente gerou revolta dos moradores, que voltaram a se manifestar contra o abandono do poder público. Por estarem em área de divisa de município, os habitantes da favela afirmam que as prefeituras de Guarulhos e de São Paulo ficam em um jogo de "empurra-empurra", mas nenhuma os ajuda. "Não tem água nem  luz aqui. Estes dias me reuni com o secretário de habitação que me falou não ter lugar para alocar estas famílias", afirmou o representante do movimento More Bem, Carlos Alberto da Conceição.

Cerca de 300 barracos abrigam 1.200 pessoas na comunidade. "Tenho que sair daqui logo, mas não temos para onde ir", desabafa a dona de casa Dulcinéia Ferreira, 57.

A Secretaria de Habitação de São Paulo informou que a área é responsabilidade de Guarulhos. O Guarulhos Hoje questionou a Secretaria de Habitação de Guarulhos sobre as providências e a existência de planejamento de retirada dos moradores do local, porém, até o fechamento desta edição, não houve retorno

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