O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que, na Operação Lava Jato, o crime é cometido no “atacado” e sugeriu que no mensalão os atos eram “no varejo”. “Quando eu tomei posse em 2006 no Tribunal Superior Eleitoral eu fiz um discurso que foi considerado muito ácido. Mas foi um discurso leve. Eu falei que (o mensalão) era o maior escândalo da República. Hoje nós temos aí esse que envolve o crime no atacado, não mais no varejo”, disse o ministro, ao chegar para sessão da Corte e comentar a deflagração da 17ª fase da Lava Jato.
Questionado sobre a prisão do ex-ministro José Dirceu nesta manhã no âmbito das investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras, Marco Aurélio afirmou que o importante é que as instituições, como Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário estão funcionando. “De tédio não se morre. O importante é as instituições estão funcionando. A quadra ao meu ver é alvissareira, porque não se esconde mais essas mazelas. (…) Vamos buscar novos rumos, melhores dias para o Brasil”, disse.
De acordo com o ministro, não é necessária uma autorização do Supremo para realizar a prisão preventiva de Dirceu, somente para permitir sua transferência de Brasília para Curitiba. “Independe (de autorização do STF para realizar prisão preventiva), porque o competente para julgá-lo, hoje, é o juiz de primeira instância. O único problema que surge é o deslocamento de Brasília, onde ele cumpre a prisão domiciliar, para o Paraná”, completou o ministro.
A transferência de Dirceu precisa ser autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, relator das execuções penais do mensalão no STF. No início da tarde, antes da sessão plenária, Barroso afirmou que decidirá o caso ainda nesta segunda-feira, 3. A defesa do ex-ministro encaminhou ao STF pedido para que Dirceu permaneça em Brasília.