CSN faz IPO de R$ 5,2 bi de mineradora e promete redução de endividamento

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de Benjamin Steinbruch, concluiu nesta sexta-feira, 12, a abertura de capital de sua unidade de mineração, que movimentou cerca de R$ 5,2 bilhões. Desse total, R$ 3,6 bilhões vão para o caixa da controladora, que vendeu parte de suas ações na operação.

Tais recursos, conforme prometeu a CSN a investidores e credores, serão utilizados para a redução da dívida da companhia, acima de R$ 30 bilhões. A estreia da ação da CSN Mineração na B3 – um dos lançamentos mais aguardados no mercado acionário e promessa de abertura de capital há mais de uma década – será na próxima quinta-feira, dia 18. A empresa chega à Bolsa avaliada em R$ 47,5 bilhões.

A ação da CSN Mineração foi precificada em R$ 8,50, no piso da faixa indicativa, que ia até R$ 11,35. A favor da oferta, comentaram fontes que acompanharam o processo, estava o fato de o preço do minério de ferro estar no pico, em função da menor produção – provocada pelas restrições impostas pela pandemia e pelo fato de a Vale ainda estar tentando recuperar seus volumes, perdidos após a tragédia de Brumadinho (MG).

Do total vendido no IPO, 70% das ações foram para investidores estrangeiros, conforme apurou o Estadão. Steinbruch – ao lado de sua filha Victoria, que deve ser a sucessora do pai na gigante brasileira do aço – acompanhou de perto todo o processo do IPO da unidade de mineração.

<b>Pressão</b>

O IPO da subsidiária tira uma pressão de anos que recai sob a CSN, por conta de seu endividamento. Depois de promessas de vendas de ativos que ao longo dos anos não foram cumpridas, Steinbruch coloca uma pedra sobre o assunto ao demonstrar ao mercado que está focado em reduzir a dívida da siderúrgica, avaliam analistas.

Por conta da demora, o mercado seguia descrente de que Steinbruch faria algum desinvestimento, mas o executivo seguiu em frente com seus planos, mesmo reduzindo o preço pretendido após interação inicial com investidores. No princípio, o valor almejado para a avaliação da companhia era acima de R$ 60 bilhões.

A venda de uma fatia da unidade de mineração como forma de angariar recursos com o objetivo de reduzir o nível do endividamento foi anunciada há alguns anos, juntamente com a possibilidade de o grupo se desfazer de outros ativos. A única operação que tinha sido realizada pela CSN, antes do IPO da unidade de mineração, foi a venda da fabricante de latas Metalic, há quase cinco anos. Agora, a empresa vai começar a preparar a estreia de mais uma subsidiária na Bolsa, a unidade de cimentos, operação para a qual já contratou o Bradesco BBI.

A CSN Mineração congrega duas minas: a Namisa e a famosa Casa de Pedra, produtora de um dos minérios de maior qualidade da região produtora. A companhia de Steinbruch tinha quase 90% da CSN Mineração. Um consórcio asiático detinha o restante. Além da CSN, foram vendedores na oferta dois sócios asiáticos, a Posco e a Japão Brasil Minério de Ferro Participações (JBMF), mas que seguem como acionistas. Após o IPO, a CSN tem agora participação de cerca de 77% na sua unidade de mineração.

<b>Expansão</b>

Além da venda de ações dos acionistas, a CSN Mineração aproveitou a oferta para captar recursos de olho em sua estratégia de expansão. A oferta primária, ou seja, que levará os recursos para o caixa da CSN Mineração, somou R$ 1 bilhão.

Conforme o prospecto da oferta, a companhia pretende utilizar o recurso na execução de seus projetos de crescimento, tais como o projeto Itabirito P15 e os Projetos de Recuperação de Rejeitos de Barragem Pires e Casa de Pedra. A projeção da companhia é que seja possível acrescentar uma produção de 103 milhões de toneladas por ano, com investimento estimado em R$22,7 bilhões até 2033. Sua produção anual hoje é de 33 milhões de toneladas de minério de ferro.

"Nenhuma empresa do segmento possui projetos dessa magnitude, e se a empresa conseguir implementá-los, acreditamos que será excelente para a companhia e seus acionistas", avaliaram os analistas Tasso Vasconcellos, Felipe Ruppenthal e Lucas Chaves, em relatório da Eleven Financial.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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