O técnico Cuca não irá mais se pronunciar publicamente sobre a condenação por estupro à qual foi submetido na Suíça, no final da década de 1980. Em nota divulgada à imprensa, a advogada Ana Beatriz Saguas e o advogado Daniel Leon Bialski, responsáveis pela representação do treinador, informaram que qualquer manifestação sobre o caso será feita apenas por eles. O texto também diz que a defesa conta com representantes na Suíça.
"O treinador Cuca esclarece que está totalmente concentrado e empenhando toda a sua energia para o jogo decisivo que o time enfrentará nesta quarta-feira (26/04) e, diante das notícias veiculadas nos últimos dias a seu respeito, comunica que, a partir desta nota, ele se manifestará e será representado exclusivamente por meio de seus advogados que contam com representantes na Suíça", diz a nota.
O comunicado ainda reforça o discurso de inocência adotado por Cuca durante sua apresentação no Corinthians, na semana passada, quando disse que não foi reconhecido como um dos agressores pela vítima. "Desta forma, refuta as acusações que lhe são atribuídas, que remontam há mais de trinta anos e que foram investigadas e apuradas na ocasião. O treinador segue desempenhando seu trabalho com lisura e honradez há décadas e, por esta razão, não deverá tolerar afrontas e ofensas contra sua idoneidade, caráter e integridade", finaliza.
O pronunciamento veio após um fato novo aumentar ainda mais a pressão por parte da torcida que pede a demissão de Cuca. Willi Egloff, advogado que representou a vítima de estupro na Suíça, em 1987, desmentiu as afirmações do treinador do Corinthians, em entrevista ao UOL, e afirmou que a menina, então com 13 anos, reconheceu o então jogador do Grêmio como um de seus agressores.
O advogado também validou as notícias publicadas pelo jornal Der Bund, de Berna, em 1989. A publicação apontou que o sêmen de Cuca foi encontrado na garota. De acordo com Egloff , o exame foi feito pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna.
Em depoimentos à época, a vítima narrou ter sido segurada à força pelos quatro jogadores do Grêmio (Cuca, Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi), que permaneceram em cárcere por 30 dias. Fernando foi o primeiro a ser liberado, já que a sua participação no ato não foi comprovada. Em 1989, Cuca acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil.
O julgamento foi feito à revelia, já que ele e os outros gremistas envolvidos no caso já haviam voltado ao Brasil depois de serem liberados ao fim da fase de instrução no processo. O processo está sob sigilo de 110 anos, protegido pela lei de proteção de dados da Suíça.