O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse na noite desta segunda-feira, 15, que não vai misturar o acirramento do embate político entre PT e PMDB com a pauta de votações da Casa. Ele disse estar disposto a colocar em votação nesta semana o projeto que revê a política de desoneração da folha de pagamento, desde que possa concluir a votação da Reforma Política. “Minha pauta é a mesma e continuará sendo a mesma”, afirmou.
O governo quer votar até quarta-feira, 17, o projeto e concluir a apreciação da medida no Senado até 30 de junho. Cunha, no entanto, destacou que sua prioridade é a Reforma Política. Considerando o calendário (com festas juninas no Nordeste e recesso de julho), o peemedebista teria poucos dias para concluir a votação em segundo turno. “Não posso perder o embalo da Reforma Política”, justificou.
Sobre o projeto da desoneração, ele disse que não pretende deixar a matéria para julho e que, embora seu partido tenha compromisso com a governabilidade, caberá à bancada e seu líder Leonardo Picciani (RJ) decidir como se comportarão nesta votação.
Questionado sobre as consequências da disputa entre PT e PMDB, Cunha voltou a reclamar das “agressões continuadas” dos petistas. “Isso é muito preocupante, isso não contribui nem para tentar manter um clima de convivência até o processo eleitoral. E 2018 está muito longe”, declarou. Ele enfatizou que suas críticas são voltadas exclusivamente ao PT e não ao governo. “Não vejo no governo atos contra mim pessoalmente. Não falei nada de governo, reagi ao PT. O governo não me atacou”, afirmou.
Fator previdenciário
Cunha reconheceu o esforço do Executivo em buscar uma solução para o impasse em torno do fim do fator previdenciário, mas lembrou que a iniciativa de ouvir as centrais sindicais já poderia ter acontecido antes. “Não precisava fazer isso na antevéspera de se decidir se vai vetar ou não”, comentou.
Para ele, prevaleceu o comportamento que também ocorre na política: “é mais ou menos mania de brasileiro, que é deixar tudo para última hora”.
Apesar da tentativa de diálogo com as centrais, o peemedebista não vê perspectiva de acordo com os sindicalistas e acredita que o governo terá de concentrar esforços agora em negociar com a base aliada.