Saúde

Curada da Covid-19, médica guarulhense teve medo de nunca mais ver os familiares

Ela já foi entrevistada pelo GuarulhosWeb por causa de suas vitórias em provas de rally; mas essa vitória exigiu ainda mais superação

Quem acompanha as aventuras de Fernanda Tonani ao lado do marido nas provas de rally Brasil afora – ela já foi entrevistada antes pelo GuarulhosWeb por causa de suas vitórias sobre quatro rodas –, imagina que aqueles momentos como navegadora são os mais intensos de sua vida. E podem até terem sido. Mas a história da médica, moradora da Vila Galvão, em Guarulhos, ganhou um novo capítulo de superação: diagnosticada com Covid-19, ela ficou 13 dias internada no hospital, oito deles em uma Unidade de Tratamento Intensiva.

“No hospital, escutei que estavam pedindo para preparar o material para entubação. Eu pedi para só fazerem isso se eu ficasse inconsciente. É difícil. Temos medo de morrer e de nunca mais ver nossos familiares”, contou Fernanda.

Ela estava em casa, no começo de abril, quando começou a sentir os primeiros sintomas: falta de ar e fadiga. Como profissional da área da saúde, decidiu aguardar alguns dias antes de procurar o hospital. No dia 13, os sintomas pioraram e ela precisou ser internada. Logo nas primeiras horas, o quadro de saúde piorou.

O resultado positivo para coronavírus foi recebido pelos médicos no segundo dia de internação. O tratamento foi feito com um respirador externo. E Fernanda permitiu que os colegas de profissão administrarem os tratamentos disponíveis para a cura da doença, entre eles, a cloroquina.

Sua mãe e seu filho estão fora de São Paulo, desde o início da pandemia. E foram lembrados por Fernanda durante os 13 dias de isolamento hospitalar. “Foi terrível. Muito medo de morrer sozinha, de deixar meu filho sem mãe. E, se eu morresse, minha família não poderia nem se despedir, porque o caixão é lacrado”, lembrou.

Fernanda voltou a trabalhar, após 30 dias do início dos sintomas. Ela diz que nos primeiros dias chegou a sentir cansaço, por conta da recuperação. Após passar pela experiência, ela mantém uma rotina de prevenção, que já era habitual.

Ela defende o isolamento social e se diz surpresa com a aglomeração de pessoas na região onde mora, principalmente no Lago dos Patos, onde diariamente dezenas de pessoas praticam atividade física. “Acreditem: essa doença mata. Quem não precisa sair para trabalhar que fique em casa. Só saia em casos extremamente necessários”, apontou. “Se não houver conscientização, o lockdown vai ser inevitável. O sistema de saúde não comportará em certo momento e vamos ver pessoas morrerem por não terem acesso a atendimento médico”.

Sobre as aventuras de rally, ela diz que o cenário é incerto. “Tenho vontade de voltar a competir, mas em primeiro lugar precisamos vencer essa guerra contra a Covid-19”, concluiu.

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