A força de trabalho nunca foi tão cara para a indústria de transformação nacional. O Custo Unitário do Trabalho (CUT) aumentou 11,6% entre 2010 e 2014, segundo cálculos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Como resultado, o custo atingiu o nível recorde da série histórica (111,6 pontos), que teve início em 2004. O encarecimento é consequência da elevação do custo real da hora trabalhada, com alta de 11,9% no período, e da estagnação da produtividade do trabalho, que subiu apenas 0,2%.
O aumento no CUT foi disseminado, atingindo 13 dos 15 segmentos industriais pesquisados. Os segmentos de Meios de Transporte e Têxtil registraram elevação próxima a 30%, refletindo principalmente uma forte queda da produção no período. As indústrias de Alimentos e Bebidas, Borracha e Plástico, e Máquinas e Equipamentos tiveram crescimento em torno de 20%. Outros setores que registraram elevação acima da média do País foram Metalurgia Básica (+15%) e Minerais Não Metálicos (+11,9%). Os únicos que apresentaram redução do indicador no período foram Madeira (-18,9%) e Coque, Refino de Petróleo e Biocombustíveis (-0,3%).
A Firjan ressalta que o aumento do CUT tornou a indústria brasileira menos competitiva no cenário internacional. Numa comparação com países desenvolvidos centrais (Estados Unidos, Reino Unido e França), periféricos (Itália, Espanha) e da América Latina com estruturas econômicas similares à brasileira (Colômbia e México), o Brasil foi o que apresentou o crescimento mais elevado no CUT. O resultado ficou acima, inclusive, do registrado pela França (+5,8%) e Reino Unido (+5,2%), conhecidos pelo alto custo da mão de obra e fraco desempenho econômico no período pós-crise.
As maiores quedas no custo do trabalho foram registradas pela Colômbia (-12,7%) e México (-6,3%). Segundo a Firjan, esses países conseguiram fazer reformas que possibilitaram a redução dos custos de produção e ampliação da competitividade de suas economias.