Após subir nos negócios da manhã desta quinta-feira, 15, quando encostou em R$ 5,65, o dólar operou com oscilações discretas boa parte da tarde, se firmando em alta perto do fechamento. A falta de definições sobre temas monitorados de perto pelo mercado internacional – o pacote de estímulos americanos, o acordo do pós-Brexit entre Reino Unido e União Europeia e se haverá mais medidas de restrição na Europa – deixou os investidores na defensiva, procurando refúgio na moeda americana, que subiu ante divisas fortes, de emergentes e exportadores de commodities. No mercado doméstico, investidores seguiram monitorando a questão fiscal e a volta da discussão de um imposto sobre transações financeiras ajudou a pressionar o câmbio.
No fechamento, o dólar à vista terminou com alta de 0,46%, cotado em R$ 5,6245. Foi o terceiro dia seguido de avanço. No mercado futuro, o dólar para novembro subia 0,60%, cotado em R$ 5,6290 às 17h.
A expectativa é que no curto prazo haja "volatilidade e incerteza", até que o cenário esteja mais claro, no mercado doméstico e no exterior, avalia o estrategista-chefe da TAG Investimentos, Dan Kawa. Nas próximas semanas, o quadro pode melhorar, com as eleições para presidente dos EUA chegando ao final, uma decisão sobre que caminho irá tomar o fiscal no Brasil e como irá se desenvolver a pandemia e uma potencial vacina, destaca Kawa.
Na questão fiscal, persiste a incerteza sobre como o governo vai arcar com mais gastos. Ontem, o ministro da Economia Paulo Guedes voltou a falar em um imposto sobre transações financeiras, mas na tarde de hoje negou esta possibilidade.
O economista da Advanced Corretora de Câmbio, Alessandro Faganello, observa que, no mercado doméstico, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) veio bem, sobretudo com revisões para cima nos dados de junho e julho, mas o noticiário foi novamente ofuscado pelo exterior negativo. Faganello destaca que o clima chegou a melhorar um pouco após o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, garantir que o governo não vai desistir das negociações de um pacote de estímulos, apesar de reconhecer que será difícil antes da eleição. O temor com os casos de coronavírus nos países europeus também teve peso decisivo para a fuga de ativos de risco. "Na europa, seguem preocupações com a onda de novas infecções do coronavírus e seus reflexos na demanda e no crescimento."
O economista sênior para a zona do euro do grupo financeiro holandês ING, Bert Colijn, afirma em áudio a clientes que as medidas adicionais de distanciamento social adotadas por países europeus devem fazer a retomada da atividade, que já vem se enfraquecendo, perder fôlego no quarto trimestre. "Vão ter impacto adicional negativo nas perspectivas de recuperação da região", disse ele, destacando que os governos têm mostrado certa relutância em adotar medidas radicais, mas vêm adotando restrições. O risco é que estas restrições coloquem a zona do euro em nova recessão.