Candidatos à Prefeitura de São Paulo criticaram ontem a declaração de Celso Russomanno (Republicanos) segundo a qual moradores de rua seriam mais resistentes à covid-19 por não tomarem banho todos os dias. Além de provocar reação de adversários, a fala do deputado também gerou incômodo no Palácio do Planalto. Segundo assessores do presidente Jair Bolsonaro envolvidos com a campanha em São Paulo, a ordem é para que o candidato do Republicanos apareça o mínimo possível e evite manifestações que possam causar desgaste.
"Infelizmente, um outro candidato está tratando a população de rua como se fosse uma classe diferente de ser humano", disse o prefeito Bruno Covas (PSDB), que busca a reeleição. "Condeno a fala por ser preconceituosa", disse. Ainda segundo Covas, a fala de seu adversário não tem nenhum embasamento científico que demonstre a relação entre tomar banho e o novo coronavírus.
Candidato do PSOL, Guilherme Boulos disse que ficou "enojado". "Acho que foi a pior declaração desta campanha até aqui. Entendi como um escárnio, uma piada. É brincar com o sofrimento das pessoas. Coisa de quem não tem humanidade", afirmou. Márcio França (PSB) classificou a declaração como "péssima". "As pessoas mais vulneráveis à covid são exatamente as que têm menos condições e recursos de acesso à saúde e higiene."
Jilmar Tatto (PT) se manifestou pelas redes sociais, lembrando o mote de campanha de Russomanno. "Quem fala grosso com trabalhador e despreza pessoas em situação de rua não pode dizer que defende o povo", escreveu o candidato petista.
Ontem, Russomanno reafirmou que moradores de rua e da Cracolândia têm "imunidade" à covid-19. "Estava fazendo uma consideração de que a ciência tem que explicar por que eles (moradores de rua) são imunes. Eles têm mais resistência que a gente. O que eu disse é que se alardeava que os moradores e rua seriam dizimados pela covid-19. E não foi o que aconteceu", declarou ele na saída de um almoço com empresários. Mais cedo, em nota, o candidato afirmou que sua fala de anteontem foi "deturpada".
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>