Estadão

Delegados da PF discutem paralisar atividades

Insatisfeitos com os 5% anunciados pelo governo a título de reajuste para o todo o funcionalismo, delegados da Polícia Federal anunciaram ontem a aprovação de um pacote de medidas – que inclui a possibilidade de paralisação das atividades – em reação ao que chamam de "clara omissão" do governo de Jair Bolsonaro com relação à reestruturação de carreiras da corporação.

Entre as ações previstas pela classe estão a recomendação para que delegados não realizem viagens em missão sem o pagamento prévio de diárias e o envio de ofício ao diretor-geral da PF, Márcio Nunes de Oliveira, para que, em 30 dias, ele estabeleça critérios para compensação ou remuneração do sobreaviso da classe.

Junto com a Federação Nacional dos Policiais Federais e outras entidades que representam integrantes da PF, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) vai participar de atos da classe marcadas para o próximo dia 28, em todo o País.

A ADPF aprovou ainda um indicativo de paralisação das atividades a ser ratificado em assembleia-geral extraordinária prevista para o dia 2 de maio. Os delegados defendem uma "cobrança pública e direta" do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, a partir de tal data, caso não seja assinada a medida provisória da reestruturação da corporação até lá.

Os delegados também pretendem se reunir com presidenciáveis para "expor a necessidade de um verdadeiro compromisso com a valorização dos policiais que não ocorreu nos últimos anos". Entre as pautas que a classe deseja levar aos candidatos ao Planalto estão a necessidade de mandato para diretor-geral da PF, com lista tríplice; sobreaviso remunerado; aumento dos valores das diárias; plano de saúde; estruturação de apoio psicológico; e reestruturação das carreiras policiais federais.

<b>Marketing</b>

"Caso o presidente da República descumpra o compromisso público assumido por ele diversas vezes, os policiais da União não se manterão inertes diante do uso da valorização da segurança pública e da excelente imagem da Polícia Federal como ferramenta publicitária e de marketing político", afirmou a ADPF, em nota.

Ainda de acordo com os delegados, eles estão "frustrados" com a ideia do governo de conceder aumento geral de 5% a todos os servidores civis e militares, como acertado com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O custo desse aumento para o funcionalismo é estimado em R$ 6,3 bilhões em 2022, ano em que o presidente tenta a reeleição.

No início desta semana, o ministro Anderson Torres se reuniu com policiais para tentar conter a insatisfação da classe, mas o encontro teve pouco efeito prático. Considerados uma importante base eleitoral do governo, os policiais federais haviam recebido a promessa de Bolsonaro de reestruturação das carreiras, com aumento de salário acima da inflação, por exemplo.

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