Cidades

Desoladas, famílias assistem a reintegração de posse da São Rafael

A aposentada Maria de Fátima Paulo Ferreira morava na comunidade São Rafael, no bairro de mesmo nome, há 11 anos e deixou o local há seis meses, após receber a notícia de que seria retirada do local. Parte de sua moradia na comunidade foi derrubada nesta terça-feira pelas máquinas contratadas pela CTEEP, empresa de energia elétrica responsável pela área. “Só sobrou o banheiro, o espaço já não dá pra mim e pro meu filho morarmos no que sobrou”, contou. 
 
Fátima contou que não esperou ser retirada do local pela polícia e procurou um aluguel. Nesta terça-feira (30), ela foi até a comunidade para acompanhar a demolição de sua casa. “Tem que confiar em Deus e acreditar que tudo vai dar certo”.
 
Assim como Fátima, outras pessoas tiveram suas casas divididas. Segundo a planta do local, as residências próximas a rodovia Fernão Dias pertencem a concessionária e ainda não receberam ordem de reintegração. 
 
Em meio às máquinas, famílias se aglomeravam para assistir as demolições, enquanto muitos se arriscavam ainda dentro das residências para resgatar últimos pertences. “É triste ver esta cena, são famílias inteiras jogadas nas ruas, muitos não têm pra onde ir e a prefeitura prometeu, prometeu e não cumpriu”, disse Solange Aparecida dos Reis. 
 
Representantes da Associação Ame São Rafael contaram que nenhuma equipe da Prefeitura esteve no local para realizar o apoio como Conselho Tutelar, Assistência Social ou Zoonoses. A alegação seria de que o município não tem obrigação de realizar este tipo de reintegração de área privada. 
 
Segundo o GuarulhosWeb apurou, a área invadida começou a ser ocupada em 2009, quando a prefeitura anunciou uma verba do Governo Federal que seria destinada para a reurbanização da comunidade. O valor divulgado na época foi de R$ 58 milhões. 
 
A reintegração
 
O pedido de reintegração foi feito pela Cteep em 2000 e expedido no início de 2016. Desde então, diversas reuniões foram realizadas entre moradores, associação de bairro, representantes da prefeitura e polícia. Apesar dos adiamentos para a reintegração de posse, algumas famílias permaneceram pelo local e foram retirados na manhã desta quarta-feira (30).
 
Cerca de 120 policiais militares participam da operação. Aproximadamente 150 residências estão sendo destruídas e 12 famílias que permaneciam no local foram retiradas. 
 
A área pertence a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep) e é a segunda reintegração de posse do local. 
 

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