O vice-presidente do PT, deputado federal José Guimarães (PT-CE), creditou o bom desempenho de Marina Silva (PSB) na pesquisa Ibope, divulgada no início da noite desta terça-feira, 26, a uma “onda midiática” que, segundo ele, impulsionou a candidatura da ex-ministra após a morte de Eduardo Campos em um acidente aéreo. “Depois de todo o massacre midiático e promocional, estamos bem posicionados”, disse Guimarães. “O Brasil não vive dessas ondas”, acrescentou.
De acordo com o levantamento encomendado pelo Estadão e pela TV Globo, a presidente Dilma Rousseff (PT) marca, no primeiro turno, 34% das intenções de voto, ante 29% de Marina. O candidato do PSDB, Aécio Neves, soma 19% da preferência do eleitorado. No segundo turno, Marina venceria Dilma por 45% contra 36% das intenções de voto, caso as eleições fossem hoje.
Ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Guimarães disse que a vantagem de Marina sobre a presidente no segundo turno é “reversível” e que o partido vai trabalhar nos próximos 40 dias para reassumir a liderança. Para o parlamentar, a campanha da petista precisa partir agora para o confronto de ideias com a candidata do PSB.
“O PSB vai ter que explicar as opiniões (da Marina). Por que ela não consegue dialogar com o agronegócio e o setor produtivo?”, provocou. “É preciso estabelecer o confronto com as ideias dos candidatos e mostrar as contradições de cada um”.
Cautela
O vice-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), adotou um tom menos otimista do que seu correligionário e disse que é preciso aguardar para ver se Marina conseguirá se estabilizar em um patamar elevado na preferência do eleitorado. “Não dá para comemorar”, comentou o petista, ao referir-se à distância de nove pontos percentuais aberta entre Marina e Dilma no segundo turno.
Para o petista, o cenário apresentado pela pesquisa tira Aécio do segundo turno porque dificilmente Marina cairá abaixo do patamar alcançado hoje. “A primeira vítima é a candidatura do Aécio”, disse.
O vice-presidente da Câmara também argumentou que a consolidação de Marina e de Dilma como as duas candidaturas mais competitivas levará a um embate de propostas entre as duas candidaturas a partir de agora. Para ele, Marina precisará explicar ao eleitorado como pretende perseguir um meta de inflação de 3% ao ano a partir de 2019. “Isso só é feito com alta da taxa de juros e aumento do desemprego”, disparou Chinaglia.
Agripino Maia
O coordenador-geral da campanha presidencial do PSDB, senador Agripino Maia (DEM-RN), admitiu nesta terça-feira que a vantagem imposta no segundo lugar da disputa por Marina “inquieta” o ninho tucano. De pronto, o dirigente afirma, entretanto, que a indicação de vitória de Marina num segundo turno sobre a presidente Dilma também deverá gerar reações entre os aliados da petista.
“Não deixa de inquietar a campanha de Aécio Neves mas vai provocar uma inquietação muito mais profunda nas hostes do PT e no próprio PT. Estão percebendo a derrota de Dilma”, ressaltou Agripino Maia.
Para o coordenador, a pesquisa ainda revela um cenário de comoção dos eleitores com a morte de Eduardo Campos (PSB) ocorrida no último dia 13. “Os próximos 15 a 20 dias vão ser de decantação de opiniões. Esses números traduzem a comoção que levou a esse patamar uma pessoa que não teve até aqui uma exposição de candidato. Daqui para frente é avaliar a exposição dela (Marina Silva) como candidata, aí teremos uma avaliação correta”, disse.
Para Agripino Maia, a pesquisa influenciará na postura dos candidatos no debate presidencial previsto para ser transmitido pela TV Bandeirantes na noite de hoje. “Claro que vai influenciar, evidente. Vai posicionar. Cada qual vai saber o peso de cada um. O que eles vão fazer, não sei porque não estou na bancada”, afirmou.