A presidente Dilma Rousseff faz sua primeira viagem a La Paz desde que assumiu o poder em 2011 sem conseguir aprovar a indicação do novo embaixador do País na Bolívia e sem uma conclusão sobre o processo aberto contra o diplomata Eduardo Saboia. Há cinco meses, o Senado se recusa a aprovar o nome do novo embaixador em retaliação ao processo aberto pelo Itamaraty contra Saboia por ter ajudado o senador Roger Pinto Molina, um dos maiores opositores ao presidente Evo Morales, a fugir para o Brasil.
Durante seu primeiro mandato, a presidente adiou a visita à Bolívia. Antes e depois de o senador Roger Pinto Molina se asilar na embaixada brasileira em La Paz, causando uma crise diplomática, foram várias as vezes em que a embaixada tentou levá-la ao país vizinho sem sucesso.
Entre os principais assuntos na negociação entre os dois países está a cooperação energética – o gás natural boliviano representou 98% das importações brasileiras de produtos bolivianos em 2014. A questão da fronteira é outro ponto delicado, devido à atuação do tráfico de drogas na região. Mas devem ficar fora da pauta. A presidente fará apenas uma visita de cortesia para a posse do colega.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez quatro viagens à Bolívia no primeiro mandato e outras quatro no segundo, totalizando oito visitas. Na última delas, em agosto de 2009, o principal motivo da visita foi a assinatura de um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de US$ 332 milhões para a construção de uma estrada entre Villa Tunari e o departamento de Beni, ambas localidades do país andino. Em 2011, Morales suspendeu a construção do trecho entre Beni e Cochabamba, que corta um território indígena em que vivem três etnias. A violenta reação das comunidades indígenas pegou o Itamaraty de surpresa.
Para a ministra da Comunicação da Bolívia, Amanda Dávila Torres, o episódio envolvendo a fuga de Molina é página virada na relação com o Brasil. “Sempre tivemos uma boa relação com o governo brasileiro, algumas vezes ocorreram pequenos incidentes, não graves, mas para o governo da Bolívia isso está totalmente superado”, comentou a ministra.