Opinião

Direitos humanos de quem?

Na quarta-feira, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal foi até o presídio Adriano Marrey, em Guarulhos, verificar denúncias sobre a superlotação daquela cadeia. Apesar de impedidos de entrar, os dois vereadores que compareceram ao local tiveram acesso a alguns números que confirmam haver 52% mais detentos que a capacidade daquele centro prisional. Óbvio que, com essa lotação, os homens condenados pela Justiça recolhidos ali, não devem vivem em condições saudáveis.


Sempre que alguém se propõe a verificar se os direitos humanos dos presos estão sendo respeitados, naturalmente boa parte da sociedade se revolta. Afinal, tantos são os problemas de desrespeitos aos direitos mínimos do cidadão, que perder tempo com pessoas que, pelos mais diferentes motivos, violaram a lei e a ordem, soa bastante inadequado. É certo que o Estado deve primar pela integridade física e moral dos detentos, mas não dá para ficar alisando, perdendo tempo com esse tipo de coisa. Lógico também que não se pode admitir que se criem campos de concentração, onde os detentos não tem a oportunidade de serem ressocializados, mas – apesar de superlotadas – nossas cadeias estão longe disso.


Talvez, seria muito mais simpático à Comissão de Direitos Humanos sair às ruas e verificar se as crianças que perambulam e são exploradas nos faróis, pelos próprios pais ou por pais de aluguel,  em busca de esmola, estão tendo seus direitos repeitados. Ou então, saber se os filhos daqueles que recebem as bolsas famílias, concedidas pelo governo federal, estão morando em condições ao menos dignas. Ou se estão recebendo ensino de qualidade ou pelo menos indo às escolas…


Como é possível ver tem muitos direitos humanos para serem verificados. Talvez, só como sugestão, valeria dar uma olhada se as vítimas desses detentos que superlotam nossas cadeias não convivem com traumas ou perdas irreparáveis, a partir da violência que sofreram seja em um assalto ou por terem os filhos levados pelas drogas traficadas e vendidas por eles.


O Governo do Estado precisa sim construir mais cadeias para abrigar esses e outros presos, de preferência, longe de Guarulhos. Mas cabe à sociedade cuidar de questões muito mais importantes para o bem estar, principalmente, das pessoas de bem.

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