Apesar dos dados recentes de inflação ao consumidor e ao produtor dos Estados Unidos mostrarem os preços recuando de seus níveis mais altos este ano, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Atlanta, Raphael Bostic, considera que a atividade empresarial ainda não foi restringida o suficiente pelo aperto monetário ao ponto de "reduzir seriamente a inflação". Em texto publicado nesta terça-feira no site da distrital do BC dos EUA, ele disse antecipar que mais altas de juros serão necessárias para trazer a inflação americana de volta à meta de 2% de forma consistente.
"Como saberei quando estivermos perto dessa marca? Precisarei ver indicadores de afrouxamento generalizado da inflação", argumentou Bostic.
Entre os pontos que ainda o preocupam, ele citou o mercado de trabalho persistentemente apertado – em que as vagas disponíveis superam "em muito" o número de trabalhadores á procura de emprego – e o fato de que os preços de serviços ainda não caíram notavelmente.
Há, porém, "vislumbres de esperança", segundo Bostic, como a desaceleração nos preços de bens de consumo em julho, agosto e setembro, após 19 meses seguidos em que eles ganharam força.
O dirigente lembrou que o aperto monetário do Fed, iniciado em março deste ano, pode demorar de 18 meses a dois anos para impactar completamente a atividade. Dado o elevado nível de incerteza, ele admitiu que o forte aumento de juros pode induzir a economia americana a uma recessão. Este cenário, contudo, é preferível a um de inflação persistente por muito tempo, alertou Bostic, que não tem direito a voto nas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) neste ano e no próximo.
Mesmo que uma recessão ocorra nos EUA, há vários cenários em que ela seria mais branda sob a perspectiva de padrões históricos, completou Bostic, que defendeu a manutenção do juro em patamar "apropriadamente restritivo" depois que o Fed parar de subi-lo.