O acirramento da disputa entre Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT) acabou favorecendo Aécio Neves (PSDB), que subiu quatro pontos nas intenções de voto do primeiro turno, enquanto as duas candidatas perderam um e três pontos, respectivamente, segundo pesquisa Ibope/Estadão/Rede Globo divulgada na noite desta terça-feira, 16. A avaliação é do analista político da Tendências Consultoria Integrada, Rafael Cortez. Essa recuperação do candidato tucano, no entanto, não deve alterar a tendência de continuidade da polarização entre a petista e a pessebista.
De acordo com ele, a polarização entre Dilma e Marina, que passaram a trocar ataques desde a semana passada, fez com que as duas passassem por um “processo de forte desconstrução” de imagem. “Dilma aumentou o tom em relação a Marina e a resposta da ex-senadora foi polarizar com o governo, sinalizando o que poderia ser sua eventual administração”, comentou. Cortez avalia que as denúncias feitas em acordo de delação premiada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, supostamente envolvendo petistas e pessebistas, pode ter contribuído para a queda das candidatas. “Embora não ache que seja fator predominante”, ressalva.
O analista afirma que a recuperação de Aécio também é “natural”, em razão do potencial de votos do PSDB. Segundo ele, a recuperação pode estar relacionada ainda à intensificação da agenda de campanha do tucano em Minas Gerais, seu berço político, onde até então estava tendo um desempenho abaixo do potencial. Cortez acredita que o candidato poderá crescer nas próximas pesquisas, mas nada que vá alterar a tendência de concentração das atenções em Dilma e Marina. De acordo com o Ibope, a petista oscilou dois pontos par abaixo num eventual segundo turno contra a ex-ministra, que se manteve estável, com 43% das intenções de voto.
“A competição entre as duas deve ser bastante acirrada. A expectativa é de que as pesquisas mostrem alguma volatilidade entre as duas, mas nada que mostre tendência a favor de ninguém”, avalia. O analista prevê, contudo, que a baixa rejeição apresentada por Marina faz com que ela tenha, “potencialmente”, maior condição de atrair, num segundo turno, o eleitorado que não escolheu nenhuma das duas candidatas no primeiro turno.