O dólar fechou a sexta-feira, 11, em alta, acumulando valorização de 1,73% na semana, a maior desde 21 de março. A elevação põe fim a duas semanas consecutivas de baixas, que levou a moeda americana para bem perto de R$ 5,00.
Após dados de inflação voltarem a surpreender no Brasil, Estados Unidos e outras partes do mundo, como a China, cresce a expectativa pela avaliação de banqueiros centrais na semana que vem sobre este movimento.
No aguardo das reuniões de política monetária, que inclui o Comitê de Política Monetária (Copom), o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e o Banco do Japão, o dólar ganhou força nesta sexta no mercado internacional, de forma quase que generalizada. Em meio à cautela, investidores voltaram a recompor parte das posições contra o real na B3.
No fechamento do dia, o dólar encerrou a sexta-feira em R$ 5,1227, em alta de 1,12%. No mercado futuro, o dólar para julho subia 1,34% às 17h15, a R$ 5,1315.
"O dólar está terminando a semana mais forte em relação a maioria das moedas", ressalta o economista de mercados da consultoria inglesa Capital Economics, Jonathan Petersen. "Todos os olhos estão voltados para a reunião do Fed."
Ele não espera anúncios de mudanças na política monetária na reunião, que termina na quarta-feira, 16. Mas a expectativa é sobre a avaliação da inflação dos dirigentes à luz dos novos números de maio e alguma sinalização sobre o processo de redução de compras de ativos e sobre.
Declarações mais claras neste último ponto podem valorizar o dólar e pressionar as taxas dos juros longos americano, que operaram em alta firme nesta sexta, ressalta o economista da Capital Economics. O alemão Commerzbank espera que o Fed vai reforçar as discussões sobre uma redução das suas compras de bônus.
Para o Brasil, Petersen projeta elevação da Selic pelo Banco Central em 0,75 ponto porcentual e sinalização de nova alta em agosto, da mesma magnitude, na medida em que a seca no país é pressão adicional para os índices de preços. Mesmo com os juros em alta no Brasil, a Capital Economics avalia que o real pode ter alguma reação pontual de melhora, mas deve seguir desvalorizado, por conta da tendência de fortalecimento do dólar no exterior pela frente, com o Fed reduzindo os estímulos. A previsão da casa é de moeda americana a R$ 5,50 ao final do ano.
O analista do banco canadense CBIC, Luis Hurtado, também vê o real com dificuldade de se sustentar nos níveis atuais. As reformas – administrativa e tributária – têm mostrado algum progresso, assim como a atividade econômica, o que é positivo para a moeda brasileira. Ao mesmo tempo, o risco fiscal, embora tenha se reduzido por ora, persiste e deve voltar a crescer com pressão para mais gastos sociais do governo. Ele espera a moeda americana a R$ 5,30 ao final do ano e vê o BC elevando a Selic em 0,75 ponto na próxima semana.