Estadão

Dólar volta a subir com Treasuries fortes e de olho em risco fiscal local

O dólar volta a operar em alta no mercado local nesta terça-feira, 3, na esteira da persistente valorização dos rendimentos dos Treasuries e da moeda norte-americana no exterior, que dão impulso aos retornos títulos europeus e enfraquecem euro, libra e iene, além de moedas emergentes e ligadas a commodities em geral nesta manhã.

Os investidores lá fora e aqui seguem buscando proteção em ativos americanos diante da perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos. Essa demanda é alimentada por dados de atividade mais fortes que o esperado, fala <i>hawkish</i> de dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e resolução do impasse orçamentário que ameaçava paralisar o governo americano.

O investidor faz ainda a leitura da produção industrial de agosto abaixo da mediana esperada. A produção industrial subiu 0,4% em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal, divulgou há pouco o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio abaixo da mediana das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast (+0,5%). O intervalo das previsões ia de queda de 0,3% a alta de 1,1%. Em relação a agosto de 2022, a produção subiu 0,5%. Nessa comparação, sem ajuste, as estimativas variavam de um recuo de 0,5% a alta de 1,7%, com mediana positiva de 0,9%.

Ontem, as taxas de juros e a moeda norte-americana subiram, influenciadas também pela geração de vagas de trabalho apontadas pelo Caged, que superou com folga o teto das estimativas em agosto. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou, em entrevista à TV Globo, que meio ponto porcentual "é ritmo apropriado hoje de corte de juro dadas as condições". Ele explicou o que são os núcleos de inflação e a importância dessa medida para se saber a tendência estrutural dos preços.

O risco fiscal interno segue no foco. A arrecadação com receitas administradas, que fechou em R$ 953,5 bilhões de janeiro a agosto, sofreu com uma frustração de R$ 7,2 bilhões (-0,75%) em relação à estimativa que havia sido feita pelo governo federal em julho. O valor é destacado pelo Tesouro Nacional no Relatório de Avaliação do Cumprimento de Metas Fiscais do 2º quadrimestre de 2023, publicado ontem.

Também no radar estão um discurso do presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic (9 horas), e a publicação mais tarde do relatório de abertura de vagas nos Estados Unidos, chamado de Jolts (11 horas).

Às 9h41, o dólar à vista subia 0,33%, a R$ 5,0832. O dólar futuro para novembro ganhava 0,35%, a R$ 5,1020. O índice DXY do dólar ante seis moedas principais subia 0,29%, a 107,214 pontos. O juro da T-Note 10 anos avançava a 4,727%.

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