Dois jornalistas são agredidos durante atos pró-Bolsonaro; entidades reagem

Dois jornalistas foram agredidos enquanto trabalhavam na cobertura de manifestações a favor do presidente Jair Bolsonaro. As agressões ocorreram em Belo Horizonte e Salvador, e foram motivo de repúdio de entidades representativas. Nos dois casos, manifestantes bolsonaristas tentaram impedir que os profissionais filmassem e fotografassem os atos. Em Belo Horizonte, um repórter fotográfico do jornal <i>Estado de Minas</i> foi alvo de pontapés, empurrões e xingamentos após se identificar como profissional de imprensa.

Um dos agressores o atingiu com um capacete. O protesto "culminou em censura ao trabalho da imprensa", registrou o <i>Estado de Minas</i>. O jornal optou por não divulgar o nome do profissional, por motivos de segurança.

Em Salvador, a fotojornalista Paula Fróes, do jornal <i>Correio</i>, foi cercada por manifestantes enquanto trabalhava na cobertura de um protesto bolsonarista no bairro da Mouraria, na região central da capital baiana. Os manifestantes, enquanto cercavam a jornalista, a chamaram de "vagabunda" e "palhaça", entre outras ofensas. Alguns deles não usavam máscaras de proteção, em desrespeito às recomendações de autoridades de saúde para o combate à pandemia de coronavírus.

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) emitiu notas em que condena as duas agressões. No caso de Minas, a entidade pediu que as autoridades identifiquem os agressores e os encaminhem à Justiça. Em Salvador, ao menos um dos agressores já foi identificado.

"Os agressores atentaram contra a integridade física de um cidadão e também contra o direito de todos serem livremente informados, já que o repórter-fotográfico estava trabalhando para levar a público informações sobre a manifestação", disse a ANJ em nota. "A sociedade e suas instituições devem reagir com eficiência e rigor em defesa da atividade jornalística e da liberdade de imprensa, que são fundamentais para o exercício da cidadania."

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) divulgou nota de repúdio ao caso em Salvador. A entidade classificou o episódio como "mais uma cena abjeta destes tempos sombrios, em que o ativismo político é rebaixado a isso, com o estímulo da principal autoridade do País": "A ABI se solidariza com a colega e com a redação do Correio, e apoia as medidas jurídicas que profissional e empresa julgarem necessárias".

O Sindicato dos Jornalista da Bahia também se manifestou. "O que aconteceu com a jornalista Paula Fróes nesse domingo, dia 14 de março, na Mouraria, em Salvador, é apenas a continuidade da escalada de agressões contra a imprensa. O Sinjorba solidariza-se com a colega e manifesta seu veemente repúdio".

O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Agostinho Patrus (PV), condenou os ataques que ocorreram em Belo Horizonte. "A liberdade de imprensa é um direito inviolável à democracia e toda agressão ao seu livre exercício deve ser coibida e condenada", escreveu o deputado em sua conta oficial no Twitter.

Segundo a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), o ano de 2020 foi o mais violento para os jornalistas brasileiros. Os ataques à imprensa e as agressões diretas a jornalistas tiveram um aumento de mais de 100%, de acordo com levantamento da entidade.

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