O Banco Central anunciou nesta quinta-feira, 11, uma nova intervenção no mercado para tentar segurar a escalada do dólar. A moeda americana registrou alta de 1,49% ontem e foi cotada a R$ 2,6510. É o maior patamar registrado pela moeda americana desde 1.º de abril de 2005.
O BC fará amanhã dois leilões de vendas de dólares com compromisso de recompra, oferecendo até US$ 2 bilhões. A instituição costuma fazer operações deste tipo no fim do ano, quando muitas multinacionais demandam moeda à vista para envio para as matrizes no exterior. Mas os valores são sempre menores. Em dezembro, até agora, foram duas operações, nos dias 2 e 8, de até US$ 1 bilhão.
Com leilão de linha anunciado para amanhã e o programa diário de swap – equivalentes à venda de dólares no mercado futuro – , o BC deve colocar no mercado o equivalente a cerca de US$ 2,7 bilhões. Neste mês, a moeda americana já subiu 3,27% e, desde janeiro, a alta foi de 12,52%.
A valorização do dólar nesta quinta teve como pano de fundo a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC. Na avaliação dos investidores, o documento foi considerado dúbio por não indicar claramente qual será a tendência para a política monetária. O documento teria, inclusive, aberto a possibilidade de a alta da taxa básica de juros (Selic) ser de apenas 0,25 ponto porcentual em janeiro – e não de 0,50 ponto, como vinha apostando o mercado.
“O mercado não ficou satisfeito com a ata”, avaliou um profissional, gerente da mesa de câmbio de um banco, para o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, “Parece faltar convicção para o BC para colocar ao mercado uma política monetária mais convincente”, disse. Segundo ele, o fato de o Copom ter acenado com o uso da política fiscal para segurar a inflação – inclusive, com a contribuição do setor público podendo se deslocar para a zona de “contenção fiscal” – não resolve o problema.
Os analistas também viram uma mensagem pouco clara na postura do presidente do BC, Alexandre Tombini, durante o almoço de fim de ano na Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Tombini pouco falou de câmbio nem mesmo abordou a questão da continuidade ou não do programa de swaps em 2015. “Ele havia dito que o BC teria duas semanas para decidir. Mas o mercado fica na expectativa. Como não falou nada de câmbio, o dólar deu uma subida rápida”, disse um operador de uma corretora.
Há também muita incerteza com a atividade econômica do Brasil. De acordo com profissional ouvido pelo Broadcast, ficou claro que a recuperação da atividade no País ainda será demorada. “O cenário está ruim para o Brasil. O próprio documento do Copom fala em recuperação do crescimento no segundo semestre de 2015”, afirmou.
Exterior
A desconfiança com a economia brasileira somou-se aos sinais vindos do exterior. O recuo para 294 mil nos pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos na última semana foi considerado um resultado melhor que o esperado. Outro sinal positivo foi o avanço de 0,7% nas vendas do varejo americano em novembro ante outubro, acima do 0,4% projetado.
A recuperação da economia americana favorece a valorização do dólar ante as demais moedas. Além disso, a leitura do mercado é que, diante desse cenário, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) terá de elevar os juros, o que deve roubar recursos de emergentes como o Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.