A desmontagem de posições compradas em dólar futuro, por parte dos investidores estrangeiros, já vinha pressionando a moeda dos EUA para baixo ao longo de toda a semana. Esse movimento teve continuidade nesta sexta-feira, 15, e acabou resultando na baixa do dólar. Pontualmente, esse processo foi interrompido em meio a informações sobre o aumento das tensões na Ucrânia, mas ao longo da tarde foi ganhando corpo novamente. Mas, além disso, a possibilidade de Marina Silva substituir Eduardo Campos (PSB) na corrida para o Palácio do Planalto também ajudou no recuo do dólar.
Assim, o dólar à vista negociado no balcão registrou baixa de 0,31%, a R$ 2,2640. Na semana, a moeda norte-americana acumulou desvalorização de 0,92%. No mercado futuro, o dólar para setembro caía 0,24% às 16h35, a R$ 2,2725. O giro financeiro registrado na clearing de câmbio da BM&FBovespa somava, no mesmo horário, US$ 442,6 milhões.
Vale notar que, no fim da manhã, o dólar chegou a subir ante o real, reagindo a notícias de que a artilharia do Exército da Ucrânia teria bombardeado um comboio russo em território ucraniano. Depois, no entanto, como não houve confirmação independente das informações sobre o confronto, que partiram do governo ucraniano, o movimento perdeu fôlego. Ainda assim, os ativos dos EUA seguiam repercutindo as tensões geopolíticas.
Não por acaso, o yield do T-note de 10 anos cedia a 2,348% no horário acima, de 2,398% no fim da tarde de ontem. Mesmo porque, as informações recentes sobre a atividade nos Estados Unidos minimizaram, pelo menos por enquanto, os temores de que o Federal Reserve antecipe o aperto monetário. Hoje, saiu o índice Empire State de atividade industrial na região de Nova York, que caiu para 14,69 em agosto, de 25,60 em julho e foi pior do que a previsão de economistas, de queda a 20,0. E o índice de sentimento do consumidor dos EUA, medido pela Reuters/Universidade de Michigan, caiu para 79,2 na leitura preliminar de agosto, de 81,8 no resultado final de julho – também aquém do esperado (82).
Por fim, logo cedo, o mercado tomou conhecimento do IBC-Br de junho, que cedeu 1,48% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal, ficando praticamente em linha com a mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, de -1,50%. Além disso, o IBC-Br recuou 1,20% no segundo trimestre deste ano ante os três meses imediatamente anteriores, com um resultado negativo maior que a mediana estimada, em -1,10%. Na visão de economistas, o dado endossa a avaliação de que o PIB do segundo trimestre deve ficar negativo e com um possível status de recessão econômica para o Brasil, caso o IBGE revise para baixo o PIB do primeiro trimestre de 2014.