O mau humor que reverberou entre os investidores e levou o dólar a atingir sucessivas máximas, por volta das 12h30, perdeu força durante a tarde desta sexta-feira, 8. O estopim para a disparada da moeda americana foi o placar de intenções de voto dos deputados sobre a reforma da Previdência, divulgado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. De acordo com o levantamento realizado pelo Grupo Estado, 215 parlamentares são contrários ao texto que modifica as regras de aposentadoria no Brasil, e somente 62, a favor, segundo a última atualização. “Foi uma compra defensiva. Tesourarias não gostam de passar o fim de semana desprotegidas”, explica Jefferson Rugik, diretor da Correparti.
O dólar à vista fechou em alta de 0,22%, a R$ 3,2960. Na máxima, atingiu R$ 3,3115 (+0,69%) e, na mínima, R$ 3,2633 (+0,68%). O giro foi de US$ 898,182 milhões. Na semana, teve alta de 1,28%.
Antes da divulgação do Placar da Previdência, a balança comercial da China e o payroll americano orquestravam o tom mais positivo entre os investidores locais. Apesar de os salários continuarem baixos, com possíveis efeitos sobre a inflação, houve aumento do número de vagas de emprego nos Estados Unidos. Além disso, as exportações chinesas vieram melhores do que o esperado pelo mercado. Essa combinação de fatores externos fez com que o dólar se mantivesse em queda durante toda a manhã no campo doméstico, chegando às mínimas a R$ 3,2663 (-0,68%).
No entanto, o Placar da Previdência azedou a sessão, e a divisa americana inverteu a tendência, batendo máximas atrás de máximas até alcançar os R$ 3,3115 (+0,69%). “O momento atual lembra a época do impeachment, com muita volatilidade e incertezas”, diz José Raimundo Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos. “O ponto é que já foram gastos cerca de R$ 50 bilhões para levar a reforma da Previdência à votação. Se não for aprovada, terá se gastado muito para nada. Daí é normal que o mercado fique inseguro mesmo”, acrescenta.