Economia

Dólar fecha em alta de 1,40% com previsão de déficit primário para 2016

O dólar à vista fechou em alta de 1,40% nesta segunda-feira, 31, e atingiu R$ 3,633, cotação mais alta desde 14 de fevereiro de 2003. Com o resultado, a moeda norte-americana encerrou agosto com valorização de R$ 0,22 sobre o real, ou 6,32%. A previsão do governo de um déficit primário de R$ 30,5 bilhões em 2016 deu o tom dos negócios em todos os mercados domésticos.

O rombo corresponde a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), contra uma meta de superávit de 0,7%. A projeção só foi confirmada no final da sessão de negócios, mas provocou estragos no mercado desde a abertura. Na máxima do dia, o dólar à vista bateu os R$ 3,683 (+2,79%), maior máxima intraday desde 16 de dezembro de 2002 (a R$ 3,7050). A confirmação da previsão de rombo nas contas públicas, no entanto, fez a cotação desacelerar para perto das mínimas do dia, chegando a R$ 3,617 (+0,95%).

O principal motivo do mal-estar com a notícia é o temor de que o rombo favoreça a perda do grau de investimento do País. Em evento da ONU em Nova York, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse ver maior chance de rebaixamento da nota do Brasil. “O problema maior do governo (com o Orçamento) não é com o Congresso, é com o mercado, que não vai olhar bem esse déficit e vai querer discutir o grau de investimento do País”, disse.

Já o empresário Abilio Diniz disse que o mercado financeiro já precificou a perda do grau de investimento do Brasil. “Se as agências vierem a tirar mesmo, vai dar um balancinho um dia só e pronto”, afirmou.

Diniz afirmou, ainda, que uma taxa de câmbio razoável para o País neste momento é ao redor dos R$ 3,50. O comportamento do câmbio, segundo ele, é hoje a principal preocupação dos investidores estrangeiros na hora de decidir se aplicam ou não recursos no País. “O Brasil ainda é extremamente atraente para os investidores estrangeiros. Não tenho dúvida disso. O que preocupa o investidor é a taxa de câmbio real e verdadeira”, disse, durante evento em São Paulo.

As incertezas em relação à desaceleração da China e a política monetária dos EUA também influenciaram os negócios no Brasil, mas ficaram em segundo plano. No entanto, as fortes perdas das bolsas chinesas nos últimos dias influenciaram em grande parte o desempenho mensal do dólar.

Posso ajudar?