O dólar à vista teve nesta quinta-feira, 10, sua terceira queda consecutiva, influenciado essencialmente pelo conturbado cenário político. A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 3,6187, com queda de 2,17%. Nas últimas oito sessões de negócios, o dólar caiu em sete. E em praticamente todas elas o cenário político exerceu influência sobre as cotações.
A quinta-feira foi de intenso noticiário em torno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi denunciado pelo Ministério Público Federal de São Paulo por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, no caso do tríplex do Guarujá. A mulher de Lula, Marisa Letícia, o filho Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, mais 13 investigados também foram denunciados.
A queda das cotações ganhou fôlego expressivo à tarde, com a entrevista coletiva do promotor Cássio Conserino, um dos responsáveis pela denúncia. Embora o promotor tenha se recusado a comentar durante o evento com jornalistas, a denúncia pede a prisão preventiva de Lula, do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, e de outros dois investigados do caso Bancoop. A divulgação dessa informação levou o dólar à mínima de R$ 3,6145 (-2,29%) e fez a Bovespa subir até 2,69%.
O dólar chegou a subir pontualmente pela manhã, mas perdeu o fôlego altista com a percepção de que a crise política tem se agravado cada vez mais nos últimos dias, aumentando as chances de um impeachment ou afastamento da presidente Dilma Rousseff. Também contribuíram os estímulos econômicos anunciados pelo Banco Central Europeu (BCE), que fortaleceram o euro frente ao dólar.
A euforia do mercado externo perdeu fôlego à tarde com a aceleração da queda dos preços do petróleo e com declarações do presidente do BCE, Mario Draghi, descartando novos cortes de juros na região do euro. O cenário político doméstico, no entanto, foi responsável pela forte desvalorização da moeda frente ao real.