O dólar teve o terceiro dia seguido de alta e fechou com valorização de 0,29%, a R$ 3,8554, o nível mais alto desde 18 de junho. As mesas de câmbio monitoraram de perto hoje o noticiário da reforma da Previdência e o dia acabou sendo de volatilidade. A moeda americana abriu em queda e chegou a recuar à tarde, mas acabou não sustentando o movimento, em meio à cautela com as discussões políticas para votar a reforma em Brasília. No exterior, o dólar teve comportamento misto, caindo perante divisas fortes e alguns emergentes, como o México e Argentina, mas subindo ante outros pares do Brasil, como Colômbia e Turquia.
Mais cedo, notícias dizendo que a leitura do voto complementar do relator da reforma na comissão especial, Samuel Moreira (PSDB-SP), poderia ficar para amanhã, estressaram o mercado e o dólar chegou a tocar máximas de R$ 3,88. Na avaliação de operadores, se houvesse esse adiamento, aumentaria a chance de a votação do texto no plenário da Câmara ficar para agosto. Pela tarde, com a confirmação por líderes partidários de que a voto seria lido hoje mesmo, o dólar chegou a engatar queda, e bateu mínimas, a R$ 3,81, mas a prudência acabou prevalecendo e o movimento não durou.
“Hoje o dia só teve Previdência, ora com a expectativa de votação na Câmara antes do recesso, ora com previsão de votação só em agosto”, destaca o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. Se o texto ficar de fato para ser votado no plenário em agosto, ou seja, na volta do recesso parlamentar, ele acredita que o dólar pode testar níveis acima dos R$ 3,90 nos próximos dias.
No exterior, a euforia inicial com a trégua comercial acertada entre China e Washington, acertada na reunião do G-20 no final de semana, não se repetiu hoje e o dólar teve comportamento misto no mercado financeiro internacional.
Os estrategistas do banco espanhol BBVA destacam que prevalecem as crescentes preocupações com a desaceleração da economia mundial e também pesaram as ameaças de Donald Trump de taxar produtos europeus. “O dólar ficou misto com o enfraquecimento da euforia pós-G-20”, ressalta o banco de investimento americano Brown Brothers Harriman (BBH). Nesse ambiente, é crescente a expectativa pelos dados de junho do mercado de trabalho americano, que saem na sexta-feira e podem consolidar as apostas de corte ou não de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).