A união de duas importantes empresas de moda que passam por dificuldades no Brasil não se concretizará, segundo informaram na quinta-feira, 25, as companhias Restoque (dona de marcas como marcas Le Lis Blanc, Bobô, Dudalina e John John) e InBrands (cuja operação inclui, entre outras bandeiras, Richards, Ellus, Tommy Hilfiger e Bobstore).
Voltados para as classes A e B, os grupos acumulam prejuízos há alguns trimestres e mais uma vez tiveram resultados negativos em seus balanços mais recentes, referentes ao período de abril a junho. A Restoque fechou o trimestre com perdas de R$ 12,8 milhões, enquanto a InBrands teve prejuízo de R$ 43,5 milhões.
Mais do que o resultado final em si, o ponto que mais preocupa analistas de mercado é que as vendas de ambos os grupos não param de cair. No trimestre passado, somente redes populares, como Renner e Riachuelo, conseguiram mostrar alguma reação nas vendas em relação ao mesmo período de 2015.
No caso da Restoque, as vendas consolidadas no quesito mesmas lojas tiveram queda de 5,9%, resultado muito semelhante ao apresentado pela InBrands, que decresceu 6,7% em relação a 2015. “As duas estão em situações semelhantes, mas diria que a InBrands está em posição mais delicada”, disse um analista ao jornal O Estado de S. Paulo. No fim de junho, a dívida líquida da InBrands era de R$ 549,3 milhões, alta de 19,7% em relação ao fechamento de 2015.
Um dos “alentos” do resultado da Restoque – e que impediu as vendas nas lojas abertas há mais de um ano de caírem mais – foi a Dudalina. A camisaria, que realizou uma fusão com o grupo no fim de 2014, viu suas vendas subirem quase 9% no segundo trimestre, ante igual período de 2015. O resultado da Dudalina mostrou que a tentativa de ampliar o portfólio de produtos da marca – hoje ainda mais conhecido pelas camisas, sobretudo as femininas – pode ser um passo na direção certa.
Apesar do crescimento da Dudalina, o mercado não parece disposto a apostar num “retorno” da Restoque. Relatório do banco Brasil Plural, por exemplo, estipula o preço-alvo do papel abaixo de R$ 4, não muito diferente do patamar atual, nos próximos meses. A recomendação é a venda da ação.
A empresa ainda tem problemas sérios de endividamento, lembrou o banco. “A dívida em relação ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) persistiu em 3,7 vezes, acima do covenant de 3 vezes para o quatro trimestre de 2016”, indicaram os analistas Guilherme Assis e Felipe Cassimiro. Isso quer dizer que, caso a empresa não consiga reduzir o endividamento, poderá ter de fazer o pagamento adiantado de alguns de seus débitos – o que pode enfraquecer ainda mais sua situação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.