Doria anuncia treino para cúpula da PM após abusos nas ruas

Em meio ao recorde de letalidade e denúncias de violência policial, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta segunda, 22, que a cúpula da Polícia Militar terá de passar por novo treinamento a partir de julho. Segundo ele, o programa vai se chamar Retreinar e, inicialmente, mira as altas patentes da corporação – só chegando depois aos PMs que estão na ponta e fazem atendimento nas ruas.

A orientação foi dada diretamente ao secretário da Segurança Pública, o general João Camilo Pires de Campos, que se recupera em casa da covid-19. "Serão coronéis, tenentes-coronéis, majores, capitães, tenentes, sargentos, iniciando no comando do Quartel-General, que fica no bairro da Luz, no centro", afirmou o governador.

"O retreinamento de todo o comando das nossas tropas é para evitar em 1% de maus policiais, que insistem em utilizar violência desnecessária, para que se possa compreender que isso não é aceitável", disse. O governo diz esperar que o treinamento chegue a sargentos, cabos e soldados em 20 dias.

Ainda segundo Doria, agentes envolvidos em casos de violência serão "punidos e afastados em definitivo da corporação". Desde o início de 2019, ao menos 220 policiais envolvidos em falhas graves ou crimes já foram demitidos ou expulsos das forças de segurança paulistas, conforme o governo.

<b>Rio</b>

As Polícias Civil e Militar do Rio mataram 741 pessoas de janeiro a maio, segundo balanço de ontem do Instituto de Segurança Pública do Rio. É o número mais alto nesse período desde que começou esse registro, em 1998. O recorde foi batido apesar da quarentena da 2.ª quinzena de março até o fim de maio, o que reduz o número de pessoas nas ruas e os principais índices de criminalidade. Maio, por outro lado, teve o segundo menor número de homicídios dolosos (273) desde o início dessa estatística, em 1991.

Em nota, a secretaria da PM do Rio disse que as ações "seguem protocolos técnicos, para preservar vidas de moradores e dos policiais, e as determinações legais". Segundo a PM, "o confronto é opção dos criminosos". Já a Secretaria de Polícia Civil disse que "as ações são baseadas em informações de inteligência e planejamento", que levam em conta "horário" e "identificação dos agentes", exceto em flagrantes.

Em 2018, o governador Wilson Witzel (PSC) defendeu que a PM atirasse para matar quem estivesse com fuzil. Ao <b>Estadão</b>, disse que a polícia "vai mirar na cabecinha e… fogo!". As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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