O novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro Neto, avaliou nesta quarta-feira, 7, que sem crescimento da economia, o Brasil vê diminuídas suas chances de equacionar seus problemas estruturais.
Ele citou o discurso de posse da presidente Dilma Rousseff: “O Brasil precisa voltar a crescer”. Nas últimas décadas, conforme o ministro, a expansão da atividade ficou aquém do potencial do País.
Monteiro Neto disse que o entrave principal é o descompasso entre a elevação dos custos e o crescimento da produtividade. “Isso gera negativamente impacto na formação de poupança doméstica e no investimento da economia. O desafio maior é reduzir os custos sistêmicos e aumentar a produtividade”, considerou.
Para ele, alinhado com as melhores referencias internacionais, o Brasil pode crescer e competir dentro de um mercado global mais competidor. “O ajuste macroeconômico não pode ter efeito paralisante sobre a agenda da promoção da competitividade.”
Segundo o ministro, é preciso “encontrar espaços” para, em meio a essas restrições, impulsionar e dar sentido de urgência a essa agenda. Caso contrário, se não houver avanço na agenda de reformas, o Brasil estará condenado, conforme Monteiro Neto, a crescer pouco mesmo depois desse período de estabilização.
Setor privado
Armando Monteiro Neto avaliou ser fundamental estreitar interlocução com setor privado, “grande protagonista do processo”. “O MDIC terá que estabelecer novos padrões de articulação e cooperação entre atores empresariais, governamentais e políticos”, disse.
Ele prometeu revitalizar e fortalecer canais de representação empresarial, como o conselho consultivo. O Congresso Nacional, de acordo com o novo ministro, será o grande artífice na construção da nova agenda. “A elaboração e o aprimoramento dos marcos regulatórios exigem um permanente diálogo entre governo e o Parlamento, de modo a buscar convergências essenciais.”
Monteiro Neto acrescentou que não se cresce por “mera exortação” e que a riqueza das nações é resultado da força de trabalho e da energia empreendedora.
Segundo ele, é papel primordial do MDIC levar competitividade no centro da atenção política do Brasil, sobretudo quando o novo quadro internacional mostra forte retração dos preços das commodities. “O ciclo benigno de que nos aproveitamos até bem pouco tempo acabou nos impondo elevado ônus”, disse, citando como exemplo, o da relativa acomodação.
Recuperação da indústria
O ministro também afirmou que não há como o País crescer mais sem a recuperação da indústria. Ele mencionou que a indústria vem diminuindo sua participação relativa na economia brasileira e perdendo espaço no mercado doméstico e internacional. “A revalorização de seu papel está sendo reconhecida em todo o mundo, até em economias maduras”, pontuou.
Não há dúvidas, para Monteiro Neto, que somente o crescimento da produtividade permitirá a sustentabilidade dos aumentos dos salários e dos empregos. “Isso nos inspira a buscar mais parceria com trabalhadores. A indústria tem papel central na agenda do crescimento do País”, disse ele, que já foi presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A competitividade é crucial para o setor, afirmou. O ministro deu como exemplo a grande perda de representação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos. Tais perdas, de acordo com Monteiro Neto, se expressam na redução da participação do País no mercado internacional.