Por mais que os discursos oficiais do governo federal sejam de que o Brasil tem condições de passar sem sobressaltos à crise financeira mundial que, neste momento, atinge com maior intensidade os países europeus, não há qualquer indício de que tal imunidade é real. Diferente disso, há vários indícios de consequências diretas na economia local. Um dos sinais mais evidentes é o grande número de indústrias que aproveitam esse período de final de ano para conceder férias coletivas a seus funcionários. É uma forma de dar um tempo na produção e esvaziar os estoques. Na indústria automobilística, por exemplo, isso fica bem claro.
Outro problema evidente são as seguidas altas dos índices inflacionários. Ontem, mais um golpe no governo, indicando que as constantes declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, infelizmente, não passam de discursos. Puxada pelo aumento dos preços dos alimentos, a inflação medida pelo IPCA-15 acelerou
Com esse resultado, a inflação em 12 meses acumula alta de 6,56%, ficando acima do teto da meta fixado pelo governo (6,5%) e do registrado em 2010 (5,79%). Segundo o IBGE, a taxa foi pressionada pelo aumento dos preços dos alimentos e bebidas, que subiram 1,28%, mais do que em novembro (0,77% ), representando 54% da taxa.
A forte aceleração na taxa de crescimento de preços dos alimentos foi impulsionada pelas carnes, que ficaram 4,36% mais caras em dezembro após terem subido 1,30% em novembro.Depois vem a refeição consumida fora do domicílio, que subiu ainda mais em dezembro, indo para 1,13%. Feijão carioca, frango inteiro, refrigerante e pão francês foram outros itens que ficaram mais caros. Ou seja, tudo que atinge diretamente o assalariado.
Com o aumento do condomínimo, da energia elétrica e dos artigos de limpeza, o grupo habitação também acelerou na passagem entre novembro e dezembro. Por tudo isso, nunca é demais o brasileiro se acautelar. Há sim o risco do governo perder o controle em relação a inflação. E pior: a recessão que bate à porta da Europa pode sim desembarcar por aqui.