O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) sinalizou que pode ser vice na chapa da senadora Simone Tebet (MDB) para a disputa da Presidência da República. Em entrevista à "Rádio Eldorado" nesta segunda-feira, 4, o tucano afirmou ter "humildade" para abrir mão de aspirações pessoais e fazer composição com uma candidatura que se mostre viável contra a polarização. A parlamentar, segundo ele, "tem toda a condição de liderar esse projeto".
"Temos de ter um entendimento do nosso papel como lideranças políticas, não apenas buscando ocupar um espaço político concorrendo, mas apoiando eventualmente aqueles que tenham essa capacidade. Entre outras pessoas, há o nome da senadora Simone Tebet, que tem toda a condição de ser uma liderança nesse projeto. É muito prematuro falar em que posição cada um tem que assumir. Mas a disposição nossa tem que ser construindo, apoiando, disputando na chapa como vice-presidente, se for o caso", afirmou Leite.
Segundo o tucano, a senadora tem uma aspiração legítima em se apresentar como candidata. "Tudo tem de ser muito conversado para viabilizar aquilo que tenho mais capacidade eleitoral. Tenho muito respeito pelo mandato da senadora, e sua aspiração legítima de se apresentar como candidata. Ainda não avançamos em conversas nessa direção, mas haverá o momento apropriado", complementou, sobre a formação da chapa.
Após ser derrotado nas prévias do PSDB, Leite intensificou articulações com o PSD para se viabilizar como possível pré-candidato do partido, mas, por fim, decidiu permanecer no ninho tucano. Este, segundo ele, foi mais um movimento que indica sua disposição de abrir mão de ser cabeça de chapa, já que, de acordo com o ex-governador, a sigla de Gilberto Kassab não foi a única a oferecer a possibilidade.
"Se eu quisesse mesmo ser candidato, tinha mais opções que o PSD. Eu tinha opções para uma candidatura, e mesmo assim não fui atrás desses caminhos mais fáceis".
O gaúcho disse considerar que o momento pede "desprendimento" por parte dos nomes que se apresentam como "terceira via". Seu principal adversário no PSDB, o governador João Doria, atual pré-candidato do partido, tem mostrado resistência a assumir o posto de vice de outras chapas. Na última quinta-feira, o paulista admitiu que, ao anunciar desistência da eleição, sua intenção era forçar a legenda a dar primazia à sua pré-candidatura, movimento que ele classificou como "estratégia política".
Hoje, dias após telefonar a Doria dizendo respeitar o resultado das prévias, das quais o governador de São Paulo saiu vitorioso, Leite afirmou que a convenção nacional do partido é soberana, dando a entender que a candidatura do tucano paulista continua não sendo definitiva no partido. Leite afirmou que, até a data do evento, marcado para julho, "cada um vai ajustar seu papel nesse processo". Esse ajuste, ele adiantou, será feito após conversas "francas e honestas" com Doria.
Apesar de reiterar que respeita as prévias, Leite condicionou seu respaldo a Doria ao alcance de viabilidade eleitoral do paulista. Disse que o governador terá "todo seu apoio", desde que se mostre viável. "O PSDB reconhece a legitimidade das prévias, mas sabe também que vai precisar estar atento à competitividade das candidaturas", afirmou. Além da baixa intenção de voto de Doria nas pesquisas – 2% -, Leite citou a alta rejeição marcada por ele, em torno de 30%, como uma dificuldade para o avança de seu nome.
O gaúcho afirmou que deve aproveitar esta semana, a primeira após deixar o Palácio Piratini, para intensificar conversas e tomar uma decisão sobre seu futuro político. Ele disse estar pronto tanto "para liderar o projeto, se for o caso", quanto para apoiar aquele que tiver as melhores condições.