Estadão

Moderação externa e ruídos internos chamam Ibovespa à realização de lucros

O comportamento moderado das bolsas europeias e americanas, mesmo com algumas testando alta, puxa o Ibovespa para baixo, fazendo-o devolver parte dos ganhos de 2,09% acumulados na semana passada. Com isso, o índice Bovespa tem dificuldade até mesmo de defender os 121 mil pontos da abertura e de sexta-feira, quando fechou com alta de 1,31%, aos 121.570,15 pontos na sexta-feira.

"A semana passa foi boa, e o pessoal está esperando para ver o que acontecerá em relação a sanções à Rússia", diz Marcos Olmos, diretor de VC e sócio da VOX Capital. Isso porque há relatos de supostas atrocidades cometidas por tropas da Rússia na Ucrânia.

Diante disso, há possibilidade de mais sanções à Rússia, à medida que o país continua atacando a Ucrânia, dificultando um acordo de cessar-fogo e elevando as cotações do petróleo para perto de 4%. Apesar disso, as ações da Petrobras cedem em torno de 1%. Além disso, ações de bancos cedem, na esteira de expectativas de aceleração dos juros nos EUA, em meio à escalada inflacionária.

"Que tipo de sanção será anunciada,e no que isso resultará?", questiona Olmos, para quem é preciso aguardar quais serão os planos de punição a Moscou. Além disso, acrescenta, a agenda de indicadores esvaziada aqui e no exterior deixa o investidor um pouco na defensiva. "Hoje e amanhã é feriado na China. Deve ser um dia de volatilidade, não teve pesquisa Focus por causa da greve dos funcionários do Banco Central. Então, esvazia um pouco. A partir de quarta-feira sai ata do Fomc e, na quinta, a do BCE , deve dar uma esquentada dependendo do que acontecerá em relação à Ucrânia", estima Olmos.

O impasse em relação a quem assumirá a estatal gera desconfiança no investidor, bem como fica no radar o anúncio feito pela B3 de mudança metodológica reduzindo o acumulado de capital externo na Bolsa em 2022.

Depois que o presidente do Clube de Regatas do Flamengo, Rodolfo Landim, comunicou sua decisão
de recusar a indicação para o Conselho de Administração da Petrobras, agora seguem dúvidas sobre se Adriano Pires seguirá o mesmo caminho.

Mesmo que se afaste do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), o economista poderia permanecer em potencial conflito de interesse no cargo de presidente da estatal por causa da presença de um de seus filhos no quadro societário e de direção da consultoria, apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

"É preciso levar em conta que a troca do comando da Petrobras já não foi positiva, mas o mercado absorveu por se tratar de uma indicação de um nome técnico Adriano Pires", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, ao referir-se à demissão do general Joaquim Silva e Luna da direção da empresa pelo presidente Jair Bolsonaro.

Além das ações da Petrobras, as da B3 cedem em torno de 0,30%, após redução no volume de capital estrangeiro na Bolsa brasileira em 2022 anunciado na sexta-feira pela B3 por conta de uma mudança metodológica.

Com a modificação anunciada pela B3 na sexta-feira, houve redução relativa no fluxo de recursos externos acumulado em 2022 em R$ 27 bilhões. Antes, apontava para R$ 91,1 bilhões. Com a mudança, foi para R$ 64,1 bilhões. "Ninguém foi lesado, mas tira a credibilidade e pode levar a uma abertura de processo investigativo contra a B3 na CVM Comissão de Valores Mobiliários", estima Laatus.

Ainda ficam no foco do mercado os papéis da Vale e da Eletrobras. A mineradora informou que está em discussões avançadas para venda das suas empresas de minério de ferro, minério de manganês e logística que compõem o Sistema Centro-Oeste. Já os acionistas da CGT Eletrosul e da TSLE aprovaram em AGEs a incorporação da TSLE pela CGT Eletrosul, que já tinha sido aprovada pela Aneel. As ações da Vale subiam 0,95%, enquanto Eletrobras mira estabilidade.

Às 11h01, o Ibovespa cedia 0,42%, aos 121.059,56 pontos, após abertura a 121.569,05 pontos. Na mínima, marcou 120.830,51 pontos (-061%) e, máxima, 121.570 pontos (variação zero).

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