A Eldorado Celulose, do grupo J&F, dá nesta segunda-feira, 15, mais um passo no sentido de marcar o início das obras da segunda linha de produção da fábrica de celulose, em Três Lagoas (MS). O lançamento da pedra fundamental do projeto, com investimentos totais previstos em R$ 10 bilhões, ocorre exatamente cinco anos após o lançamento da pedra fundamental da primeira unidade de produção e um mês após o anúncio da Fibria de ampliar a unidade industrial de celulose, também em Três Lagoas.
Com lançamento no dia 15 de junho de 2010 e início da produção em dezembro de 2012, a fábrica da Eldorado tem capacidade atual de 1,7 milhão de toneladas de celulose por ano. A segunda linha irá acrescentar mais 2 milhões de toneladas. “Damos início a nova unidade em Três Lagoas, de 2 milhões de toneladas. Será a fábrica com maior capacidade de produção no mundo”, disse José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado, em entrevista à reportagem.
A fase de engenharia básica já foi concluída e a de terraplenagem deve seguir até novembro deste ano. Até maio de 2016, a companhia projeta a conclusão da etapa de infraestrutura e, então, seguir com a construção da fábrica. A unidade deve ser concluída no início de 2018. “Faremos a compra dos equipamentos até o final do mês de outubro e em 2016 começaremos a parte civil, montagem eletromecânica etc. Deve começar a operar no primeiro semestre de 2018”, contou Grubisich.
Do total de investimentos, R$ 10 bilhões, 30% virá de um aporte dos próprios acionistas e o restante de financiamentos de longo prazo, como do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste, agências de crédito de exportação europeias, FI-FGTS, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e bancos privados. O presidente detalha que já há a confirmação de aporte financeiro dos sócios e que a entrada de um novo parceiro também está no radar. Atualmente, a Eldorado Celulose tem como acionista controlador a J&F, com 80,9%, além dos fundos de pensão Funcef e Petros, com 8,53%, cada.
Questionado se haverá espaço no mercado para duas novas fábricas de celulose, já que a vizinha Fibria também confirmou a ampliação exatamente no mesmo município, Grubisich destacou os pontos fortes do projeto da Eldorado e afirmou haver espaço para todos, já que o foco está no mercado internacional. “Já plantamos eucalipto desde 2012, já temos áreas para as matérias-primas e florestas próprias. Quando há dois projetos anunciados, significa que o setor está avançando”, disse, lembrando que estudos indicam que a demanda mundial é de 1,2 milhão a 1,5 milhão de toneladas adicionais por ano. “O Brasil é o mais competitivo e ambos (projetos) estão voltados para o mercado internacional”.
No dia 14 de maio de 2015, a Fibria anunciou a expansão da unidade de Três Lagoas com capacidade adicional de 1,75 milhão de toneladas e investimento de R$ 7,7 bilhões. Esta será a primeira expansão desde a criação da companhia, em 2009, como resultado da união da Aracruz e VCP.
Pacote de concessões
Para a Eldorado, localizada no Centro-Oeste do País, o pacote de concessões em infraestrutura anunciado na semana passada pelo governo trará alguns benefícios, como a construção da rodovia BR 262, que liga os municípios de Três Lagoas e Campo Grande, e do trecho da ferrovia Norte-Sul, que sairá do Tocantins, passando pelo Mato Grosso do Sul.
“Traz uma modernização e melhoria logística. Há a vantagem de passar o trecho da ferrovia (Norte-Sul), com ramal ferroviário integrado, o que reduzirá custos”, afirmou o presidente da empresa. Questionado, Grubisich garantiu que o único benefício obtido foi o fiscal, do ICMS.