Para ser candidato a vice-prefeito na chapa do prefeito Fernando Haddad (PT) e concorrer às eleições em outubro deste ano, o secretário de Educação, Gabriel Chalita (PDT), deixará a pasta na próxima semana. No lugar de Chalita assumirá a atual vice-prefeita, Nádia Campeão (PCdoB). Ela vai acumular as funções.
Engenheira agrônoma, a trajetória de Nádia é voltada para a área de Esportes e, portanto, não é um nome conhecido entre especialistas em educação. No currículo informado pela Prefeitura não consta experiência em cargos ligados à área. Ao mesmo tempo, assumirá o cargo de secretária adjunta a atual coordenadora pedagógica da pasta, Fátima Antônio, que substituirá Emília Cipriano.
Fátima tem no currículo as funções de professora, diretora e supervisora. A escolha de um nome já integrado à rede municipal de ensino, como Fátima, foi feita para facilitar o diálogo da gestão Haddad com entidades do setor. A intenção é mostrar ainda continuidade das políticas iniciadas em 2013.
A reportagem apurou que o nome de Nádia para a Secretaria da Educação serviu como um “consolo”, uma vez que a vice foi preterida para concorrer à reeleição. Na terça-feira, 24, questionado sobre o assunto, Haddad afirmou que a saída de Chalita da pasta de Educação para dar lugar a Nádia estava sendo discutida. “É uma boa possibilidade”, disse.
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) determina que secretários municipais interessados em concorrer na chapa para prefeituras, como Chalita, devem se desincompatibilizar quatro meses antes das eleições. O prazo se esgota no dia 2 de junho. Chalita foi secretário da Educação por um ano e 4 meses, período em que se aproximou do petista. No fim de março deste ano, o secretário saiu o PMDB – após o rompimento do partido com o governo de Dilma Rousseff – e entrou no PDT, a fim de ficar livre para ocupar a vaga de vice na chapa de Haddad.
Arranjo político
Para Claudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal (SINPEEM), o nome de Nádia é um “arranjo político” do prefeito. “Não dá para falar absolutamente nada sobre a Nádia. Para mim, ela só representa um arranjo político tendo em vista as eleições. Do ponto de vista da Educação, eu lamento. Porque essa escolha só atende a um arranjo político-eleitoral. É triste para a Educação”, afirmou.
Fonseca destacou, porém, que um representante do PC do B na pasta da Educação é importante para a aplicação de pautas defendidas pelo sindicato. “Minha expectativa é de que, com o PCdoB, ocorra essa mudança. O prefeito deve ter feito isso de forma muito pensada. Podem ser seis meses para promover a revolução positiva na Educação, como melhorar a remuneração dos professores, reduzir a quantidade de alunos por sala e acabar com a terceirização da escola infantil, como vem acontecendo”, disse o sindicalista.
Uma das diretoras executivas do Ação Educativa, Denise Carreira, também disse que não conhece Nádia e evitou fazer um balanço sobre a gestão de Chalita. “O que acho importante destacar é que, com certeza, o prefeito está investindo a força da sua vice na área da Educação. E como todos os gestores, ela terá o compromisso de implementar o plano de educação da cidade, que precisa sair do papel.”
Trajetórias
Na gestão Haddad, a vice-prefeita coordena projetos como a Operação Chuvas de Verão e o Programa Prefeitura no Bairro. Entre 2000 e 2004, Nádia já havia participado da administração municipal, como secretária de Esportes, Lazer e Recreação na gestão da ex-prefeita e ex-petista Marta Suplicy (PMDB). Procurada, a Prefeitura informou que Nádia só comentaria o assunto quando for confirmada oficialmente como titular da pasta, o que deve ocorrer na quarta ou quinta da próxima semana.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.