Economia

Em apontamentos, Ilan destaca cenário externo desafiador

O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, 11, os apontamentos do presidente da instituição, Ilan Goldfajn, que participa da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos ministros de finanças e presidentes dos bancos centrais do G20, realizada em Bali, na Indonésia.

Goldfajn repete as últimas comunicações do BC – como o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) – e destaca que o cenário externo continua desafiador, com menos apetite ao risco em economias emergentes. “Os principais riscos globais continuam associados à normalização das taxas de juros em economia avançadas e às incertezas em relação ao comércio internacionais, com possíveis impactos no crescimento global”, afirma o presidente do BC.

Segundo ele, a normalização da política monetária dos Estados Unidos traz desafios para as economias emergentes e aponta que a realocação de portfólio pelos investidores internacionais tem enfraquecido moedas e elevado os prêmios de risco. “Os mercados financeiros têm se tornado mais voláteis, refletindo a piora na percepção de risco dos agentes internacionais em relação às economias emergentes”, continua Goldfajn.

Para o presidente do BC, choques globais afetam cada economia de acordo com as suas principais características e fundamentos, como a necessidade de financiamento externo, o nível de inflação, a autonomia de seu banco central e a sensibilidade a tensões comerciais. Segundo ele, as defesas de países emergentes começam no fronte doméstico, com políticas consistentes e flexibilidade na taxa de câmbio para a absorção desses choques.

“Além disso, amortecedores, especialmente na forma de mais reservas internacionais, e expectativas de inflação ancoradas devem ajudar a suavizar o ajuste. Embora o cenário global esteja afetando as economias emergentes de maneira mais intensa, a medida em que o processo de normalização monetária avance nas economias avançadas, outros ativos também podem ser afetados”, completa.

Goldfajn reforça que o Brasil está bem posicionado para resistir a esses choques, com um balaço de pagamentos robusto, um regime de câmbio flutuante, níveis adequados de reservas internacionais, inflação corrente baixa e expectativas ancoradas.

Ao citar dados do balanço de pagamentos brasileiro, Goldfajn aponta que o déficit em transações correntes em 12 meses até agosto era de 0,8% do PIB, enquanto os ingressos de Investimento Direto no País (IDP) chegavam a 3,6% do PIB na mesma comparação.

Ele destaca também que a participação de não-residentes na Dívida Pública Federal (DPF) está em torno de 12%, abaixo da média de 22,7% dos países emergentes membros do G20. “O sistema financeiro brasileiro é robusto e tem seu funding baseado principalmente em fontes domésticas, o que limita o impacto de choques globais”, acrescenta.

Sobre o cenário doméstico, Goldfajn admite que apesar dos progressos nas reformas econômicas nos últimos anos, o “passo decisivo” da reforma previdenciária ainda precisa ser tomado. Segundo ele, o cenário global adverso reforça a necessidade de continuação das reformas e ajustes, para assegurar a confiança na sustentabilidade fiscal e possibilitar maior crescimento.

“Parece haver um aumento do consenso de que as reformas devem continuar”, agrega. O presidente do BC repete que a aprovação das reformas é crucial para a recuperação sustentável da atividade, para a estabilização de uma inflação baixa no médio e longo prazos e para baixar a taxa de juros estrutural da economia.

Os apontamentos de Goldfajn também citam as novas expectativas de crescimento do PIB, de 1,4% neste ano e de 2,4% em 2019, conforme o último RTI. Ele também destaca dados do mercado de crédito e as expectativas de inflação para os próximos anos, repetindo os cenários que apresentados no relatório trimestral.

O presidente do BC também repete as conclusões da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa Selic em 6,50% ao ano, ressaltando que o estímulo monetário pode começar a ser removido gradualmente se a projeção de inflação no horizonte relevante ou o balanço de riscos considerado pelo colegiado apresentar piora.

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