Em meio ao processo de reestruturação, a operadora de telecomunicações Oi vai demitir cerca de 2 mil funcionários nesta semana. O corte representa em torno de 12% do total de 16,7 mil trabalhadores diretos e entre 15% e 20% do custo de pessoal da companhia, apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Paralelamente, os termos da reestruturação da dívida da empresa podem sair nesta semana, mas ainda não há certeza de que isso ocorrerá porque ainda há pontos a serem trabalhados, segundo fontes envolvidas no processo. A empresa negocia com um grupo de bondholders (detentores de títulos de dívida), entre eles a Pimco, a BlackRock e a Citadel, a revisão dos termos do acordo. A companhia contratou o banco Moelis para coordenar essa operação.
Segundo fontes do setor, o dado mais preocupante do balanço da Oi é o endividamento bruto, que somava R$ 55 bilhões ao fim do ano passado. Caso a empresa não consiga sanear seus passivos, corre o risco de ser obrigada a recorrer a uma recuperação judicial.
Cortes sucessivos
O anúncio de novas demissões na Oi ocorre depois de pouco mais de um ano de outro corte profundo na companhia. Em abril de 2015, a empresa anunciou o desligamento de 1.070 funcionários.
O corte deste ano está focado na área administrativa, sendo que funcionários operacionais estão sendo preservados. Entre os demitidos, haverá um grande número de executivos, que têm salários mais altos.
Segundo o presidente do SinttelRio e secretário geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações (Fenattel), Luís Antônio Souza, a maior parte das demissões será no Rio, sede da empresa, com 800 desligamentos. O sindicalista informou ainda que foi negociado um pacote de benefícios para os demitidos, que inclui, por exemplo, a manutenção do plano de saúde e odontológico por um período de seis meses.
Procurada, a Oi informou que “com o intuito de manter níveis de rentabilidade e produtividade para fazer frente ao cenário macroeconômico atual, está realizando uma readequação da sua estrutura administrativa baseada na busca contínua de eficiência”.
A empresa declarou ainda que iniciou, em 2015, um plano de transformação do seu negócio e estrutura de capital.
Cortes
Apesar de estar na situação financeira mais crítica, a Oi não foi a única empresa do setor de telefonia a demitir. A TIM dispensou 500 empregados no início do ano.
A empresa informou que, por causa do período de silêncio, não faria comentários. O balanço do primeiro trimestre da TIM será divulgado nesta quarta-feira. “Essas demissões nas empresas ocorrem, em parte, por causa do cenário negativo da economia, mas também por problemas de gestão durante os últimos anos”, avalia Souza, do Sinttel Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.