Em discurso na Avenida Paulista no final da noite deste domingo (30) após a vitória na eleição presidencial, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou preocupação com a governabilidade de seu governo, que toma posse em 1º de janeiro de 2023.
"Estou metade alegre e metade preocupado, a partir de amanhã tenho que me preocupar como é que a gente vai governar esse país", declarou o petista em carro de som. "Eu preciso saber se o presidente vai permitir que haja uma transição", acrescentou. De acordo com Lula, ele vai descansar pelos próximos dois dias antes de montar o governo de transição.
Sob aplausos e gritos da militância em um ato político lotado na capital paulista, Lula dedicou sua vitória à democracia e ao povo brasileiro. "Essa, de todas as vitórias que eu tive, é a mais consagradora porque nós derrotamos o autoritarismo", afirmou o presidente eleito, que reconheceu o papel do povo nordestino em seu sucesso eleitoral.
"Foi uma campanha muito difícil, não foi do Lula contra Bolsonaro, foi da democracia contra barbárie", seguiu o petista, que também agradeceu o papel de Fernando Haddad (PT), candidato derrotado ao governo de São Paulo, e de Simone Tebet (MDB-MS). "Essa foi vitória de mulheres e homens que amam a democracia".
Lula disse ser preciso "escolher bem" cada pessoa que vai participar de seu governo, chamado por ele de "nova democratização do País. "Vou governar para todos, sem distinção, mas são os mais necessitados que irão receber a política mais influente do meu governo", declarou o presidente eleito. "Voltar aos 77 anos e ganhar só pode ser obra de Deus e do povo brasileiro".
O petista condenou o racismo. "Somos iguais. O que precisamos é de oportunidades iguais", afirmou.
Lula também afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL), até agora, não ligou para ele reconhecendo sua derrota. "Em qualquer lugar do mundo, presidente derrotado já teria ligado para mim se reconhecendo derrotado. Ele até agora não ligou, não sei se vai ligar", declarou o presidente eleito.
De acordo com Lula, seu governo será montado "com a cara da vitória". "Com partidos que participaram, com gente da sociedade que pode contribuir", afirmou. "A gente vai ter que ter governo para conversar com gente que está com raiva", acrescentou. "Vamos recuperar o direito de sorrir e ser alegre nesse país."