Os franceses se manifestaram nesta quarta, 15, novamente em várias cidades do país para pressionar o Parlamento e impedir a aprovação da reforma da previdência do presidente Emmanuel Macron, que os forçaria a trabalhar até, no mínimo, 64 anos antes de se aposentar.
A oitava jornada de protestos e greves convocadas pelos sindicatos coincidiu com a reunião de sete deputados e sete senadores, que acertaram um texto único para a reforma, um passo-chave para a decisiva votação de hoje em ambas as Câmaras do Parlamento.
Em Paris, os manifestantes tiveram de enfrentar o fedor e os ratos que perambulam pelas pilhas de lixo que acumuladas nos últimos dias em razão da greve dos garis, uma das categorias mais afetadas pela reforma.
<b>Determinação</b>
Macron parece convicto de que a mudança é essencial para a saúde econômica da França, pois os trabalhadores de hoje pagam as pensões de um número crescente de aposentados que vivem cada vez mais. Para ele, se o país quiser investir na transição para uma economia verde e em defesa, em tempo de guerra, não pode acumular déficits financiando uma idade de aposentadoria defasada.
Em sua tentativa de reformar o sistema de pensões, Macron tem se deparado com uma resistência feroz dos franceses a um mundo de capitalismo desenfreado, com o apego profundo à solidariedade social e com a visão predominante de que o esforço longo e árduo de trabalhar quase a vida inteira só pode ser compensado pelas liberdades da vida de aposentado.
O índice de desemprego caiu para pouco mais de 7%, de 9,5% quando Macron assumiu, em 2017, reflexo de suas abrangentes mudanças para liberalizar o mercado de trabalho, o que ajudou a atrair mais investimento estrangeiro, apesar de 40% das famílias francesas afirmarem que enfrentam dificuldades para fechar as contas no fim do mês.
<b>Apoio</b>
Os protestos e greves dos últimos dois meses vieram acompanhados de uma simpatia crescente do público. Pesquisas sugerem que dois terços dos franceses se opõem ao plano de Macron de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos e de antecipar para 2027 a exigência de contribuir durante 43 anos para receber uma pensão integral.
Se não alcançar aprovação no Parlamento, o governo poderia apelar para o Artigo 49.3 da Constituição francesa, que é usado para aprovar leis sem votação. No entanto, envolvendo uma questão de tamanha magnitude, isso certamente passaria a impressão de desprezo ao processo democrático e poderia cimentar acusações contra Macron de governar de forma indiferente e autoritária.
"Hoje, o que está ocorrendo é massivo", disse, ao jornal Le Monde, Marylise Léon, vice-diretora da Confederação Francesa Democrática do Trabalho. "Macron não pode se comportar como se esse movimento não existisse. Seria loucura." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>